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Dinheiro / Economia

Aumento do preço do arroz: entenda o motivo e como isso pode afetar a sua vida

Professores de economia falam sobre os impactos nos consumidores finais

Helena Gomes Publicado em 15/09/2020, às 08h40

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Não é possível garantir que os preços iniciais irão retornar - congerdesign/Pixabay
Não é possível garantir que os preços iniciais irão retornar - congerdesign/Pixabay

Recentemente, muitos brasileiros se assustaram quando chegaram ao mercado e se depararam com o preço do arroz, que é um alimento essencial para a maioria das pessoas e que é um item pertencente à cesta básica, a qual é extremamente importante para a sobrevivência de muitos.

“A questão é que arroz é a base da alimentação brasileira, então é muito difícil, às vezes, pra uma parte significativa da população trocar arroz por outra coisa, e se as pessoas não entenderem que existe substituição, elas não vão conseguir fazer a troca”, ressalta Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, para AnaMaria Digital.

Para entender exatamente o que aconteceu e como o ocorrido pode impactar a vida da população, conversamos também com Josilmar Cordenonssi, docente de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

QUAL O MOTIVO DO AUMENTO? 
Segundo os especialistas, trata-se de uma questão de demanda externa. Juliana explica que houve uma quebra de safra fora do Brasil, e isso fez com que os consumidores externos procurassem pelo produto brasileiro. Além disso, ela acrescenta que a taxa de câmbio subiu gradativamente, tornando o arroz mais barato aos olhos dos países estrangeiros.

No entanto, na visão do produtor nacional, o mercado externo ficou mais vantajoso, já que o lucro seria maior por causa do aumento do valor do dólar.

O terceiro fator, que teve menos impacto, foi o auxílio emergencial, recebido por grande parte da população durante a pandemia do novo coronavírus, que fez com que o consumo aumentasse sutilmente. 

“Isso pressionou os preços de alguns bens, especialmente os de primeira necessidade, mas é importante salientar que essa alta de preços tende a ser muito pequena”, relata.

COMO POSSO ECONOMIZAR?
Para contornar a situação, Josilmar propõe que o consumidor faça uma substituição do arroz. “O trigo está muito ligado ao mercado internacional, e eu acredito que a batata esteja mais barata no momento”, opina.

Já Inhasz acredita que o produto é a base da alimentação, o que pode causar dificuldade na troca por outra opção, portanto, apresenta uma saída: “Em um primeiro momento, eu posso fazer pesquisa de preços e procurar locais onde o arroz está mais barato ou marcas que sejam mais em conta. Além disso, é possível evitar o desperdício, ou até mesmo consumir, sem radicalizar, em menos refeições. Muitas vezes, é uma questão de saber como fazer que isso entre no nosso orçamento”.

OS RESTAURANTES SERÃO AFETADOS?
Ambos os docentes crêem que os restaurantes não serão afetados de maneira brusca. Cordenonssi considera que os donos dos estabelecimentos não irão repassar o valor para o cliente, pois as demandas já estão baixas por causa da pandemia.

Juliana acrescenta que atualmente há um modelo já compactado, no qual os pratos possuem uma quantidade pré-estabelecida. “Muito provavelmente, o que vai acontecer é que vêm com menos arroz e com uma quantidade compensada de outros bens que não têm um custo tão alto”, comenta.

No entanto, a mesma aponta que se a alta for persistente e se generalizar para outras mercadorias, o preço dos restaurantes pode chegar ao consumidor final: “Há a possibilidade de alguns se aproveitarem desse momento que está em discussão para elevar os preços nesse momento, mas isso não se justificaria”.

ESTÁ OCORRENDO UMA INFLAÇÃO DE ALIMENTOS?
A professora do Insper pontua que o momento que está sendo vivido pelo mercado alimentício não se trata de um acréscimo generalizado, mas sim pontual. 

“Esse aumento ainda não desencadeia, não deveria pelo menos, uma reação em cadeia”, afirma.

QUANDO O ARROZ VOLTARÁ AO PREÇO NORMAL?
Apesar do susto e do assunto ter se popularizado nas redes sociais, os especialistas trazem uma visão otimista. O educador do Mackenzie ressalta que os preços vão se reduzir naturalmente. “Vai depender da normalização das ofertas dos outros produtores, e o arroz é um dos itens mais básicos do mundo inteiro, principalmente nos países asiáticos”, conta.

Juliana menciona que, em breve, as safras irão se regularizar, e muito provavelmente, as demandas pelo arroz brasileiro vão começar a cair gradativamente. 

“Isso não significa que a gente vai ter uma baita de uma queda, apenas que a gente começa a ter uma estabilização maior, então os preços subiram e devem começar a ceder daqui dois meses”, prevê.

No entanto, não é possível garantir que os preços iniciais irão retornar. “Vai depender, de fato, de como vai ser essa safra externa e como o mercado interno vai reagir daqui pro final do ano”, finaliza.