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Endometriose: conheça as causas, os sintomas e os tratamentos

Doença ginecológica inflamatória pode causar dor pélvica e cólicas incapacitantes

Laleska Diniz Publicado em 23/11/2022, às 08h00

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A endometriose é uma doença de origem inflamatória - Shutterstock
A endometriose é uma doença de origem inflamatória - Shutterstock

A endometriose é uma doença ginecológica inflamatória que afeta uma em cada 10 mulheres no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Endometriose. Ela ocorre quando o endométrio também está fora da cavidade uterina.

Segundo a ginecologista e obstetra Thais Ushikusa, gerente médica de saúde feminina na Bayer Brasil, o tecido que reveste internamente o útero é chamado de endométrio. “Ele engrossa com o estímulo hormonal, preparando o útero para receber uma gestação e descama caso ela não ocorra, conhecida como menstruação”, explica.

Fragmentos de endométrio podem se implantar em diferentes partes do corpo, como na pelve, nos ovários, nas trompas e em regiões extra pélvicas. A ginecologista e obstetra Evelyn Prete, sócia-proprietária da clínica Alve Medicina, diz serem casos mais raros, mas também há descrições de endometriose em outras regiões do corpo, como intestino, reto, bexiga, fígado, diafragma e, até mesmo, cérebro.

Causas da endometriose

Ainda não se conhece exatamente as causas da endometriose, justamente por ser uma doença de origem inflamatória. "Existem algumas teorias e, uma das mais aceitas, é o refluxo menstrual, que acontece quando parte do sangue da menstruação flui pela trompa uterina e vai para a pelve”, esclarece Evelyn Prete.

Ainda segundo a médica, isso é algo que acontece com todas as mulheres, sendo considerado normal. “No entanto, por alguma característica individual da mulher, esses focos de endométrio que estão presentes no sangue acabam se implantando em algum tecido onde não deveriam se alocar”, justifica.

Thais Ushikusa, por sua vez, explica que essa condição pode ter múltiplas causas, como predisposição genética, má alimentação, sedentarismo e tabagismo. “São justamente os múltiplos fatores que dificultam o diagnóstico e fazem com que muitas mulheres passem anos convivendo com a doença e sem um tratamento adequado para o problema”, afirma.

Sintomas da doença

A dor pélvica é um dos principais sintomas da endometriose. Thais explica que, geralmente, ela surge pouco antes e durante o ciclo menstrual. Outros sinais citados pelas ginecologistas são dores durante a relação sexual, cólicas incapacitantes e aumento do fluxo menstrual, além de alterações de libido e de humor.  

“Caso a endometriose afete o intestino, podem ocorrer alterações intestinais e sangramento ao evacuar; pode afetar a bexiga e causar dor e alterações urinárias”, diz a médica, que acrescenta: “Como uma condição de difícil diagnóstico, os sintomas variam muito e existem mulheres que possuem endometriose e não têm sintoma algum."

Relação entre endometriose e infertilidade

Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos da doença no Brasil levam à infertilidade. Conforme explica Evelyn Prete, não se sabe ao certo porque a endometriose causa esse problema. No entanto, o principal fator é a obstrução tubária. “Caso tenha um foco de endometriose na trompa, não vai ser possível que ela transporte o óvulo adequadamente, levando à infertilidade”, conta.

Entretanto, nem toda mulher com essa condição tem obstrução tubária e, ainda assim, pode ter dificuldade para engravidar. “Possivelmente pelo âmbito inflamatório da doença, que altera o ambiente intrauterino e dificulta a implantação do embrião”, esclarece a ginecologista. 

Ilustração de útero, médica, exame, DNA, lupa, ficha de hospital
O tipo de tratamento para a endometriose varia de acordo aspectos da paciente (Imagem: Shutterstock)

Tratamento para a endometriose

A endometriose não tem cura, mas pode ser controlada. Segundo Thais Ushikusa, o tipo de tratamento varia de acordo aspectos da paciente, como a gravidade dos sintomas, o desejo reprodutivo, a idade e as características da doença no sistema reprodutor.

“Os tratamentos medicamentosos variam desde medicamentos analgésicos para alívio da dor, uso de pílulas anticoncepcionais, DIU hormonal, medicamentos injetáveis e, por fim, procedimentos cirúrgicos”, acrescenta.

Evelyn alerta que o tratamento cirúrgico não é indicado para o alívio das dores, mas para casos mais graves. “Como endometrioma, focos de endometriose no reto, o que faz com que a mulher tenha sangramentos na evacuação e quando deseja engravidar. Somente a dor não indica a remoção do foco da endometriose”, enfatiza.

Hábitos positivos contra a endometriose

Alguns hábitos devem ser adotados pela mulher com a doença. “Vale lembrar que a endometriose envolve o sistema imunológico, então, além dos tratamentos tradicionais com medicamentos e/ou com a cirurgia, é essencial que a paciente adote um estilo de vida saudável, pois assim é possível reduzir a inflamação dos focos da doença”, salienta o ginecologista Mauricio Abrão, professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e Presidente da Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica.

“Para pacientes com endometriose, é obrigatório seguir uma dieta anti-inflamatória, evitando glúten, laticínios, alimentos industrializados, entre outros. Também é muito importante que essa paciente realize exercícios físicos, medidas anti-inflamatórias e antioxidantes”, acrescenta Evelyn Prete.

Como evitar a endometriose?

Infelizmente, não existe uma forma de evitar a endometriose, pois não se conhece exatamente a causa desse problema. “Entretanto, fazer o acompanhamento médico regularmente pode facilitar o diagnóstico da doença e evitar a sua progressão”, afirma Mauricio Abrão.