AnaMaria
Busca
Facebook AnaMariaTwitter AnaMariaInstagram AnaMariaYoutube AnaMariaTiktok AnaMariaSpotify AnaMaria
Comportamento / Eletrônicos

Uso excessivo de telas na infância: por que isso prejudica as crianças e o que fazer

Saiba os riscos associados ao uso excessivo de telas na infância e como ajudar as crianças nesses casos

Marina Borges

por Marina Borges

mborges_colab@caras.com.br

Publicado em 07/03/2024, às 08h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Uso excessivo de telas na infância é prejudicial à saúde - Freepik/photoroyalty
Uso excessivo de telas na infância é prejudicial à saúde - Freepik/photoroyalty

No mundo digitalizado em que vivemos, é comum ver crianças cada vez mais imersas em dispositivos eletrônicos, desde smartphones e tablets até computadores e TVs. No entanto, o uso excessivo de telas na infância, hábito aparentemente inofensivo, pode acarretar uma série de consequências negativas para a saúde e o desenvolvimento infantil.

O vício em telas tornou-se uma preocupação crescente para pais, educadores e profissionais de saúde, levantando questões sobre seus impactos e como mitigar seus efeitos nocivos. AnaMaria conversou com a psicanalista Andréa Ladislau, especialista em Psicopedagogia e Inclusão Digital, para entender por que o uso excessivo de telas prejudica as crianças e o que pode ser feito para enfrentar esse desafio crescente.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS RISCOS ASSOCIADOS AO USO EXCESSIVO DE TELAS NA INFÂNCIA?

O principais riscos do uso excessivo de telas para o desenvolvimento dos pequenos, são: 

  • Impacto na saúde mental: o tempo excessivo diante das telas pode contribuir para problemas como ansiedade, depressão e dificuldades de sono. Por isso, o equilíbrio é essencial para proteger a saúde mental dos nossos pequenos;

  • Prejuízo na socialização: a interação face a face é necessária para o desenvolvimento sócio emocional. O uso constante de tecnologia pode comprometer a habilidade de se comunicar e criar vínculos interpessoais;

  • Sedentarismo: a imersão em dispositivos eletrônicos pode levar a um estilo de vida sedentário, afetando a saúde física. Intercalar com atividades ao ar livre é uma boa alternativa para manter o equilíbrio entre o mundo virtual e o real. 

COMO O ACESSO ILIMITADO A TELAS PODE IMPACTAR O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E EMOCIONAL DAS CRIANÇAS?

De acordo com Andréa, o uso excessivo de telas e dispositivos eletrônicos impacta diretamente na qualidade do sono e limita as interações sociais das crianças, bem como as atividades físicas — necessárias para um crescimento saudável e de qualidade. 

“Além disso, podemos destacar a importância da interação social para estimular o gerenciamento das emoções. Crianças que interagem com outras crianças, e não só com telas, conseguem enfrentar com mais facilidade os desafios no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais”, aponta.

QUAIS SÃO OS SINAIS DE QUE UMA CRIANÇA ESTÁ DESENVOLVENDO UM VÍCIO EM TELAS? 

uso excessivo de telas na infância
Foto: Freepik/master1305

A intensidade, frequência e duração do tempo de utilização da tecnologia são fatores de identificação do uso excessivo de telas na infância. “A exposição intensa ao celular, substituindo brincadeiras lúdicas, ou mesmo os estudos e a dedicação às tarefas escolares, também são indícios", indica Andréa.

"O fato da criança priorizar as telas acima dos interesses vitais, como: comer, dormir, descansar, higienizar, socializar, dentre outras rotinas cotidianas, também é uma constatação de que o vício em telas pode estar instaurado”, completa a especialista.

QUANTO TEMPO AS CRIANÇAS PODEM FICAR EM FRENTE ÀS TELAS?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) forneceu diretrizes e recomendações referentes ao tempo de tela recomendado para as crianças na primeira infância. A seguir, veja as recomendações do órgão:

CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS: RESTRIÇÃO TOTAL

  • A OMS recomenda que crianças com menos de 2 anos não tenham acesso a telas eletrônicas;

  • Os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento cognitivo, emocional e físico, e a exposição a telas nessa fase pode ser prejudicial.

CRIANÇAS ENTRE 2 E 5 ANOS: UMA HORA DE TELA POR DIA

  • Para crianças de 2 a 5 anos, a recomendação é uma exposição limitada de até uma hora por dia;

  • Nessa faixa etária, é importante priorizar interações sociais, atividades físicas e brincadeiras para estimular o desenvolvimento.

CRIANÇAS ENTRE 6 E 10 ANOS: ATÉ DUAS HORAS DE TELA POR DIA

  • Para crianças de 6 a 10 anos, a OMS permite um aumento no tempo de tel: até duas horas por dia;

  • É essencial equilibrar o tempo de tela com outras atividades, como atividades ao ar livre, leitura e interações sociais, para promover um desenvolvimento saudável.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também emitiu um manual de orientação referente ao uso de telas, pensando na saúde de crianças e adolescentes na era digital. Acesse o documento aqui

QUAIS OUTRAS MEDIDAS OS PAIS PODEM TOMAR PARA GARANTIR O USO SAUDÁVEL DE TELAS?

uso excessivo de telas na infância
Foto: Freepik

Além das restrições de tempo recomendadas pela OMS, de acordo com Andréa, os pais devem:

  • Substituir o uso de dispositivos tecnológicos por atenção, acolhimento e tempo de qualidade;

  • Estabelecer regras claras e proibir o uso de celulares em escolas, além de limitar seu uso no cotidiano;

  • Desencorajar o uso de tecnologia para crianças menores de 5 anos;

  • Priorizar atividades lúdicas e brincadeiras que promovam a interação familiar e com outras crianças;

  • Proibir o uso de telas uma hora antes de dormir.

  • Restringir o uso de telas durante as refeições, estudos e atividades físicas;

  • Incentivar outras formas de entretenimento, como brincadeiras, jogos, leituras, artes e esportes.

COMO AJUDAR UMA CRIANÇA A SUPERAR O VÍCIO EM TELAS? 

Mostrar, por meio da comunicação aberta e transparente, os riscos do uso excessivo de telas na infância, sem utilizar do recurso de punições, é um ótimo caminho para ajudar as crianças que passam tempo demais em frente a dispositivos eletrônicos.

“O principal é criar as regras e disciplina, deixando claro o objetivo que está acima de qualquer represália, evidenciando que o que está em jogo é o bem-estar e a qualidade de vida da criança. Também é importante mostrar quais as consequências para a saúde física e mental de quem fica muito tempo ligado às telas”, explica Andréa.

A psicanalista ainda observa que o apoio está intimamente ligado ao acolhimento, a escuta ativa e a abordagem adequada, sem repressão, mas com ensinamento educacional. “Um trabalho muito delicado que requer paciência e cuidado, mas que fará a diferença no cotidiano e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança”, aponta.

O QUE FAZER PARA ACABAR COM O VÍCIO EM TELAS DE CRIANÇAS MAIORES?

uso excessivo de telas na infância
Foto: Freepik

Andréa lista algumas ações que podem ajudar os pais a controlarem o uso excessivo de telas das crianças maiores:

  • Estabelecer conversas abertas e apoio mútuo para ouvir sem criar conflitos na comunicação;

  • Aumentar a presença e participação ativa dos pais na vida da criança;

  • Promover brincadeiras e passeios em família ou com amigos;

  • Encorajar diálogos mais profundos e frequentes dentro da família;

  • Estimular a interação entre crianças da mesma idade, sem a presença de dispositivos eletrônicos;

  • Realizar passeios lúdicos e proporcionar maior contato com a natureza;

  • Introduzir atividades físicas regulares na rotina da criança.

Leia outros conteúdos relacionados ao uso excessivo de telas na infância:

Como o uso do celular interfere na educação infantil?

A criançada não desgruda do celular? Saiba o que fazer

3 dicas para reduzir o uso de telas do seu filho