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"Cultuo a minha maturidade”, diz Claudia Ohana sobre envelhecer

Atriz ainda deu várias lições sobre o quanto o amadurecimento nos favorece e nos torna mais fortes

Karla Precioso

por Karla Precioso

kprecioso@editoracaras.com.br

Publicado em 24/09/2023, às 08h00

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Claudia Ohana sobre envelhecer: "Cultuo a minha maturidade” - Foto: Pino Gomes
Claudia Ohana sobre envelhecer: "Cultuo a minha maturidade” - Foto: Pino Gomes

Claudia Ohana celebra os 60 anos cheia de energia, alegria, vitalidade... E muito aprendizado também! Envelhecer, inclusive, não é uma questão para ela: “Aceito a minha idade. Cultuo a minha maturidade”. Com o passar dos anos, a atriz também aprendeu que o bem-estar emocional é o mais importante e o que, de fato, a faz se sentir tranquila e contente. “A beleza abre muitas portas, facilita a vida, mas não quer dizer que te traga felicidade. O caminho é procurar ser feliz aceitando o aqui e o agora. Não adianta nada você estar linda, ter o corpo maravilhoso e a saúde mental estar aquela droga”, fala em entrevista exclusiva à AnaMaria

Sábia Claudia, que não para de dar lições sobre o quão o amadurecimento nos favorece e nos faz mais fortes. Aliás, a artista é a prova de que o avançar do tempo também nos garante uma segurança e confiança que juventude alguma proporciona: “Adoraria empoderar outras mulheres de 60 anos a se sentirem belas, as incentivar a ir a uma festa usando minissaia... Nós somos todas lindas. Olha só como as coisas são curiosas... Quando posto uma foto de biquíni nas redes sociais, me sinto tirando onda. Se eu tivesse 20 anos, não postaria. Aos 60, tem muito mais graça porque isso é revolucionário. Vamos lá, mulherada, mostrem o corpo. Vamos nos achar bonitas”. Eis uma autoconfiança e leveza de tirar o chapéu! Confira a entrevista completa!

Você completou 60 anos e está linda, radiante. Em algum momento, se abalou com o avançar do tempo?

Eu juro que estou me achando maravilhosa aos 60 anos. As pessoas precisam se acostumar com a beleza da mulher madura. Estamos numa sociedade que cultua a juventude e o corpo, e é nosso dever [como alguém mais maduro] mostrar que uma mulher de 60 anos é bonita e que envelhecer pode ser bonito também. Isso é muito importante porque as pessoas costumam negar a velhice, elas não
querem envelhecer. E eu realmente me sinto muito bem e feliz por estar envelhecendo. Envelhecer faz parte da vida. Então, não discuto e nem brigo com isso: eu aceito!

Aliás, você declarou em entrevista que está se ‘achando’ com a nova idade. Saudade de Claudia Ohana aos 30 anos ou orgulho da mulher de 60?

Eu estou realmente me achando muito bem e não sou uma pessoa nostálgica. Não tenho saudade da ‘Claudia’ aos 20, 30 e nem aos 40 anos. Não que eu seja uma pessoa tão evoluída, só aproveito o aqui e o agora. E aceito a minha idade. Não sou daquelas também que distribui pela casa milhares de fotos quando era jovem, não sou uma pessoa que fica cultuando a minha juventude. Cultuo a minha maturidade.

Querendo ou não, é da natureza que sinais do tempo apareçam no corpo, rosto... Envelhecer realmente não te consome?

As rugas e marcas do tempo começaram a aparecer desde cedo, na verdade. Um dia, numa conversa com minha dermatologista, eu dizia que precisava fazer procedimentos, só que não faço. E, então, ela comentou: “O que acontece é que esses sinais da idade não te consomem”. É isso: não me consomem mesmo! Eu batalho muito para ser feliz, ter felicidade. Aliás, busco a felicidade nas pequenas coisas, numa música, na dança... E aceito envelhecer. Me sinto muito bem comigo mesma.

Você se sente mais segura ou mais temerosa com o passar dos anos?

Me sinto mais segura e autoconfiante. Sempre fui uma pessoa medrosa, uma criança medrosa, uma adolescente cheia de medos... Por não saber me colocar na sociedade, por estar sozinha, por não ter mãe e pai. O trabalho sempre foi o que me segurou e deu força. Hoje em dia, eu realmente tenho orgulho de mim. Sobre as coisas das quais não sinto orgulho, tento melhorar. Aceito os meus defeitos e, assim, sinto menos medo. O passar do tempo me deu mais segurança, sim!

Que você cuida do corpo é nítido. Aliás, sua beleza é ressaltada desde quando começou na TV. Mas e a mente, como fica? O que faz pelo seu bem-estar emocional?

O bem-estar emocional é a coisa mais importante que se tem. A beleza abre muitas portas, facilita a vida, mas não quer dizer que te traga felicidade. Sigo em busca dessa felicidade. Já fiz terapia e, às vezes, não fico bem de cabeça. Sou uma pessoa ansiosa e cuido muito da ansiedade, especialmente fazendo ioga. Também relaxo andando na praia... O caminho é procurar ser feliz aceitando o aqui e o agora. E trabalhar a positividade: ‘eu vou conseguir, eu vou ser, eu vou lutar pelo que eu quero’. Cuidar da saúde mental é tudo. Não adianta nada você estar linda, ter o corpo maravilhoso e a saúde mental estar aquela droga, entende? Para isso, também busco um corpo funcional para ter energia, flexibilidade e força. É preciso se cuidar, claro, ainda mais com o passar dos anos. Quando se é jovem tudo é muito mais fácil, mas, repito, me aceito assim e me cuido para me manter assim.

E o amadurecimento fez de você, de fato, uma mulher mais sábia? Quais as dores e as delícias do envelhecimento?

Não sei se o amadurecimento me fez uma mulher mais sábia, mas o amadurecimento faz você se aceitar e se sentir em paz e tranquila. 

Você assumiu os fios brancos para a personagem Dora, de 'Vai na Fé'. Sente-se preparada para encarar os cabelos grisalhos na vida real? O que diria para tantas mulheres que ainda se privam dessa liberdade por conta dos julgamentos alheios?

Assumi alguns cabelos brancos, mas coloquei também um megahair branco para a personagem. Mas, com o término da novela, creio que vá pintar o cabelo... Eu realmente não estou acostumada com o cabelo branco. Acho muito legal assumir e acho também que as pessoas devem fazer aquilo que estão com vontade, jamais se escravizarem por conta de julgamentos alheios. Gosto dos meus fios pretos e devo voltar com eles. Agora, para as mulheres que se sentem obrigadas a pintar o cabelo, digo: não pintem. Para as que querem pintar, falo: pintem!

Você é ativa nas redes sociais e quando posta foto com biquíni recebe uma enxurrada de elogios. Como isso mexe com você?

Fico feliz em receber elogios, claro. Olha só como as coisas são curiosas. Quando posto uma foto de biquíni nas redes sociais, me sinto tirando onda, mesmo! Se eu tivesse 20 anos, eu não postaria,
pois não teria tanta graça. Aos 60, tem muito mais graça porque isso é revolucionário, entende? Vamos l
á, mulherada, mostrem o corpo! Vamos nos achar bonitas, sim!

Voltando a falar sobre 'Vai na Fé', que terminou recentemente, sua personagem, Dora, era uma terapeuta holística avessa às tecnologias e redes sociais. O que vocês têm em comum?

A Dora talvez seja eu amanhã. Eu gostaria de ser uma Dora. Ela é uma pessoa não ligada à estética. Elaé ligada ao amor, à cura holística, à energia e em fazer coisas boas. Ela fez uma opção de vida de ‘sair’ para o mato, e eu respeito isso à beça, acho incrível. O que temos em comum é gostar dos rituais. Pratico a aromaterapia e também curto essa coisa de cristal, incenso... Mas ela levou isso a fundo e eu ainda tenho muito a aprender com ela. Quero ser a Dora quando crescer.

Você declarou ter uma barreira para se entregar num relacionamento. Essa é uma questão ainda a ser resolvida?

Dizem que aquariana tem dificuldade em relacionamentos [risos]. Somos pessoas que precisamos muito da solidão. Preciso da minha solidão, do meu canto, ficar comigo mesma. Isso num relacionamento é muito difícil. Acho que, sim, eu tenho dificuldade no relacionamento e, talvez, seja
porque relacionamentos sempre têm a ver com pai e mãe, entende? Acho que tenho coisas para serem
resolvidas ainda... Por outro lado, sinto falta de um relacionamento. Aliás, sinto mais falta de me apaixonar do que estar com alguém. Eu não preciso estar com alguém porque fico muito bem comigo
mesma. Só que acredito que fica mais difícil se apaixonar com a idade, encontrar uma pessoa interessante. Já vivi muitas histórias, já conheci muita gente. Você fica mais exigente. Isso não quer dizer
que você não possa dar umas namoradas, né? [risos].

Uma grande conquista? E um arrependimento?

Tenho várias pequenas conquistas. Vivo conquistando as pessoas que me cercam, meus amigos, minha família... Mas a maior de todas é saber aproveitar o momento e ser feliz. Arrependimento? Tenho vários pequenos. Não é uma coisa que eu ressalte.