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Autismo não é doença!

Detectar o transtorno o quanto antes é essencial para não prejudicar o desenvolvimento da criança

Ana Bardella Publicado em 25/10/2016, às 16h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h44

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Autismo não é doença! - Shutterstock
Autismo não é doença! - Shutterstock
"Cada bebê tem seu tempo”. Provavelmente você já deve ter escutado essa frase. De fato, alguns pequenos são mais conversadores e com meses de vida já começam a tagarelar naquela língua que ninguém entende. Outros são mais quietos e, por isso, demoram um pouco até conseguirem formular as primeiras palavras. Apesar de ser natural a diferença, se a demora para falar ou iniciar outras atividades causa estranheza, converse com o pediatra. “Quanto mais cedo o autismo é detectado, mais fácil é para estimular o desenvolvimento da criança”, explica Clay Brites, neuropediatra do projeto Neuro Saber. 


Por que ocorre?
Ao contrário do que dizem, o autismo é um transtorno de desenvolvimento, e não uma doença. Não se sabe por que ocorre, mas foi comprovado que está ligado à genética. “As chances são maiores em famílias com casos de autismo ou de transtornos mentais. Casais que têm filhos após os 40 anos também têm mais chances de ter um filho autista”, diz o médico.


A pessoa já nasce com o transtorno?
Em sete de cada dez casos a resposta é sim. Segundo o especialista, nos outros três a doença se desenvolve até os 3 anos de vida. Neste caso é possível notar uma regressão no desenvolvimento do pequeno. Por exemplo, se a criança estava começando a falar ou a andar, ela pode perder o interesse por essas atividades.


Os autistas têm em comum:
Dificuldade significativa de interagir socialmente. 
Atraso no processo de comunicação com os demais.
Comportamentos repetitivos.
Interesses restritos.

Graças a tudo isso, eles podem ficar voltados para o seu próprio mundo, isolados e sem entender como funciona a vida em
sociedade. É por esse motivo que os pacientes precisam de acompanhamento médico e de atividades que estimulem o seu desenvolvimento desde muito cedo. Apesar disso, os casos podem ser bem diferentes entre si. “Até pouco tempo, acreditava-se que existiam muitos tipos de autistas, hoje classificamos por intensidade. O transtorno pode ser leve, moderado ou severo”, completa Brites.


A importância do diagnóstico
Ainda bebês, as crianças que sofrem com o transtorno podem dar sinais que não devem ser ignorados:  Rejeitar o colo da mãe e
preferir ficar quieto no berço. Demonstrar desinteresse pela hora de mamar. Não fazer contato visual quando alguém está interagindo com ele. Não dar as famosas piscadinhas, sorrisos, mandar beijos, dar tchau ou emitir sons como forma de resposta aos estímulos dos demais. Ter problemas para dormir e ficar irritado por isso. Hipersensibilidade a sons, cheiros, gostos ou toque de
outras pessoas. Se houver alguma desconfiança quanto ao comportamento da criança, é necessário buscar ajuda médica. Deixar para depois pode ser perigoso, já que o diagnóstico deve ser feito até, no máximo, os 3 anos de vida. “Se for feito aos 5 anos, por exemplo, o poder de melhora do quadro é mais limitado”, alerta o neuropediatra.


E depois de descobrir?
Não há exames que comprovem o quadro. A conclusão é tirada após observação. “O médico também pode solicitar fotos e vídeos pra avaliar melhor”, diz Brites. Quando se bate o martelo, começa o processo de intervenção. É possível aliar terapia comportamental com fonoaudiologia e medicações para melhorar agressividade, distúrbios do sono etc.


"Pensamos que ele fosse surdo"
"Eros não atendia quando alguém o chamava pelo nome e não nos olhava. Fomos ao médico. O diagnóstico? Surdez. Iniciamos o tratamento, mas trocamos de médico, pois não estava funcionando. Descobrimos que ele escutava, mas era autista. Ele já estava
com 5 anos e o diagnóstico foi tardio. A partir de então, as estimulações começaram. Hoje, aos 12, ele está com um grau moderado de autismo e faz acompanhamento com neuropediatra, fonoaudiologista, psicólogo e homeopata. A concentração melhorou, mas tive dificuldade em conseguir uma escola que o aceitasse. Passamos por situações de preconceito, por acharem que ele iria agredir os demais, mas isso nunca aconteceu. Finalmente, encontrei uma escola pública que abraçou o caso dele. Por enquanto, ele fica numa sala com o professor, mas acho que logo vai frequentar as aulas com as outras crianças."

Emanoele Freitas, 37 anos, mediadora educacional e presidente da Associação de Apoio à Pessoa Autista – Rio de Janeiro