Defesa de Daniel Alves usou do argumento de que não houveram lesões vaginais compatíveis com abuso
Redação Publicado em 03/03/2023, às 14h09
A defesa de Daniel Alves, que foi acusado de estupro, continua tentando argumentar com a Justiça. Desta vez, o advogado Cristóbal Martell afirmou que a relação sexual entre o jogador de futebol e a jovem foi consensual, pois a vítima estava "lubrificada". Tais informações foram divulgadas pelo jornal espanhol "El Periódico".
Os detalhes do processo revelam que a Defesa da celebridade argumentou no fato de não existirem lesões vaginais na vítima, dando a entender que a "lubrificação" da jovem prova que o ato teve sua aprovação.
A equipe forense do 'La manada' - caso criminal que chocou do país latino por se tratar de um estupro coletivo de uma jovem de 18 anos - explicou ao jornal catalão que "a falta de consentimento é compatível com a inexistência de lesões".
Os especialistas apontaram que, aproximadamente, 21% das vítimas de estupro não apresentam lesões. Eles apontaram que, diante de uma ameaça em que sua própria vida está em perigo, as vítimas podem reagir "na defensiva ou de forma passiva, com rigidez, com relaxamento ou, até mesmo, se aproximando ou tentando fazer amizade com o agressor", para evitar com que coisas piores ocorram.
A questão da "lubrificação" foi colocada em cheque pelos profissionais da área, que discordaram do posicionamento do advogado. Emily Nagoski, educadora sexual norte-americana, tratou sobre a "excitação sexual indesejada" em casos de perigo durante uma palestra no canal TED.
"Minha pele pode arrepiar-se se meu parceiro me acaricia, e minha pele pode arrepiar-se de medo se alguém me coloca uma faca no pescoço, mas não é por isso que estou gostando disso. A falta de educação sexual e de conhecimento da sexualidade da mulher fez com que, durante séculos, antes de compreendermos nosso corpo, acreditassem em mitos que sempre nos prejudicaram. Já é hora, em 2023, que esses mitos dêem lugar à ciência e que as defesas não usem argumentos de outros séculos. Que o consentimento não seja medido nem pelas lesões nem pela lubrificação".
Daniel Alves está preso na Catalunha há mais de um mês, após a acusação de estupro da jovem de 23 anos. Recentemente, a equipe de defesa do astro do Barcelona entrou com recursos a favor da liberdade do jogador. Tais medidas foram negadas por decisão da terceira seção do Tribunal de Barcelona, na Espanha, e o famoso seguirá preso até o julgamento do caso.
