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Famosos / Exclusiva

Em exclusiva, Rafaela Ferreira fala sobre gordofobia, autocuidado e autoestima

Rafaela Ferreira dribla com maestria a ditadura do peso e é referência para milhares de pessoas

Karla Precioso Publicado em 08/09/2022, às 13h59

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Rafaela Ferreira sabe tirar partido do engajamento com seus seguidores para discorrer sobre preconceito e gordofobia - Instagram/@ferreirarafaela
Rafaela Ferreira sabe tirar partido do engajamento com seus seguidores para discorrer sobre preconceito e gordofobia - Instagram/@ferreirarafaela

Com vários trabalhos realizados na seara teen da TV, como Malhação, na Globo, Rebeldes, na RecordTV, As Aventuras de Poliana e, agora, Poliana Moça, no SBT, Rafaela Ferreira é talentosa, engajada e aprendeu bem a driblar os estereótipos da pessoa gorda. Só no Instagram, ela tem quase 2 milhões de seguidores e não fica atrás quando o assunto é seu canal no Youtube, o Fala Rafa. Ela sabe tirar partido do engajamento com seus seguidores para discorrer sobre preconceito e gordofobia, dando uma lição de autoconhecimento, autocuidado e autoestima.

Você se considera uma porta-voz das pessoas que sofrem com o preconceito? Sou uma incentivadora de vozes.

Quanto mais pessoas descobrirem suas próprias vozes e não se calarem, melhor. Gosto de pensar que sou uma referência que mostra que é possível. Representatividade importa muito. Quando eu era criança, era difícil sonhar em ser atriz quando os poucos personagens gordos que apareciam nas produções eram representados de forma pejorativa e estereotipada. Hoje posso ser uma dessas referências que a Rafa criança não teve.

A gordofobia vai além da discriminação com os gordos?

Sim! O termo gordofobia identifica o preconceito que atinge pessoas gordas de forma afetiva, social e profissional. É também uma opressão estrutural que impede que uma pessoa gorda tenha acesso e direitos básicos, seja no transporte, na moda, nos tratamentos e equipamentos médicos, locais de trabalho e estudo, entre outros fatores sociais e culturais.

Na TV, você acredita que as pessoas acima do peso ainda sofrem preconceito?

O preconceito está em todos os lugares. Quando a pessoa ri do corpo de alguém por ser gordo, quando diz que a pessoa precisa emagrecer por causa da saúde... Tudo isso é gordofobia. Não é difícil notar que não há muitas oportunidades de vida dramatúrgica para o corpo gordo. Concordo que já aumentou bem o número de personagens gordas, mas ainda é preciso mais protagonismo gordo, e também que as personagens deixem de carregar tantos estigmas e estereótipos.

Você se descreve como ‘artivista’ gorda. De onde veio esse termo?

Posso dizer que ele vem da junção das palavras arte + ativismo. Escolhi esse termo porque é pela arte que procuro expressar meu ativismo enquanto pessoa gorda. E o termo ativismo gordo é usado para definir a luta de pessoas gordas por acesso e direitos básicos. Vai muito além da autoestima, é uma luta pela despatologização do corpo gordo, ou seja, que ele pare de ser visto como doente pela sociedade. Sinto que ainda falta muita informação e empatia sobre o assunto. Gosto de contar que é perfeitamente possível ser uma pessoa gorda, saudável e feliz. Ou somente ser uma pessoa gorda. A confusão é tanta, que a palavra gorda, quando usada para definir alguém, já vem carregada de tantos significados, que limita aquela pessoa a um estereótipo. E não vemos o fenômeno contrário quando usamos a palavra magra para se referir a alguém. Essa reflexão não é só minha. Há gente séria fazendo ciência sobre isso. A Agnes Arruda e a Malu Jimenez são duas dessas pesquisadoras, que falam sobre o estigma de ser gorda na sociedade contemporânea.

Com milhares de seguidores no Instagram, você se preocupa com o que fala nas redes?

Me preocupo muito, sim. Somos influenciáveis e influenciadores nesse espaço. Precisamos ter bastante cuidado com as imagens que vemos e criamos. Elas estão modificadas - e com filtros! E, assim, mantemos um olhar de julgamento irreal sobre nós mesmas, ficando vulneráveis às comparações. Por isso, escolho ser uma incentivadora de pessoas como elas são: reais e humanas.

Você pensa em emagrecer? Já fez dietas?

Não, essa realmente não é uma meta. Aliás, nem acredito em dietas restritivas. Uma vez, com um esforço imenso, emagreci 30 kg. Achei que quando ficasse magra o mundo iria sorrir e todas as portas iriam se abrir para mim. Claro que não foi isso que aconteceu. Gorda ou magra, eu continuava eu. E tinha as mesmas questões. Já fiz muitas dietas e percebo que as restrições acentuaram os transtornos e compulsões. Hoje, depois de muito trauma e terapia, me aproximo da nutrição comportamental e do comer intuitivo.

Uma mensagem para as leitoras da AnaMaria… 

Invista o seu tempo em você. Não espere aprovação dos outros. Faça o que te faz bem.