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Após 1 ano da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que o mundo pode esperar?

Especialista comenta cenário e perspectivas da guerra que assola o território ucraniano há exatamente 1 ano

Zelensky e Putin - HANDOUT / UKRAINE PRESIDENCY / AFP - SERGEI GUNEYEV - Montagem
Zelensky e Putin - HANDOUT / UKRAINE PRESIDENCY / AFP - SERGEI GUNEYEV - Montagem

A guerra entre Russia e Ucrânia completa exatamente um ano nesta sexta-feira, 24 de fevereiro. Há 365 dias, Vladimir Putin, presidente da Rússia, anunciou uma operação militar especial em território ucraniano para defender grupos separatistas das regiões de Luhansk e Donetsk, ambas pertencentes ao lado leste da Ucrânia. Minutos depois, o exército russo disparou mísseis em seu país vizinho e deu início a uma guerra que perdura até agora.

Segundo André Freitas, autor de Geografia do Sistema de Ensino pH, as intenções russas eram muito claras: invadir a Ucrânia e, em um golpe muito certeiro, depor o governo ucraniano e retomar a influência política sobre o país vizinho, que talvez seja uma das mais importantes ex-repúblicas soviéticas.

No entanto, o que era “relativamente fácil” virou um conflito com desdobramentos não previstos por Putin. “O panorama atual do conflito é de uma guerra que não tinha, pelo lado russo, uma previsão de ser dessa maneira. Era para ser um conflito, acreditava a Rússia, mais rápido, menos custoso e com menos impactos no campo de batalha”, explica.

Isso porque a Rússia, uma verdadeira potência militar, talvez não esperasse encontrar uma resistência ucraniana com tanto apoio ocidental e da própria população. “Então, se em uma primeira fase, a Rússia conseguiu avançar com quatro frentes dentro do território ucraniano, a Ucrânia, no segundo semestre de 2022, empurrou os russos para fora de algumas áreas que haviam sido ocupadas, retomando o controle de algumas cidades.”

LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA

Os avanços russos aumentaram a resistência da Ucrânia, muniram a aliança militar do Atlântico Norte – a OTAN – e aumentaram, ainda que seja de forma indireta, o apoio militar, com entrega de armamento mais moderno e mais pesado aos ucranianos. Tudo isso fez a guerra se tornar mais longa. “A Ucrânia está lutando pela sua sobrevivência, então, não está no horizonte de curto ou médio prazo a desistência de resistir à invasão russa”, afirmou André.

GUERRA MUNDIAL?

Na visão do especialista, a tensão entre Rússia de um lado e países da OTAN no outro – com destaque para os Estados Unidos – está em suspenso, por enquanto, porque a China não se envolveu diretamente na guerra, apesar de sua proximidade maior com o lado russo, assim como nenhum outro país da OTAN teve atuação direta em território ucraniano. “Nada perto de uma guerra mundial, até porque as consequências não são interessantes para nenhum dos lados”, resume.

Um trunfo do presidente Putin foi apostar que a Europa Ocidental não se envolveria diretamente no apoio à Ucrânia, como não se envolveu nem em 2014 no caso da Crimeia, justamente por conta da dependência do gás natural russo. Vale ressaltar que a grande arma russa, para além do campo militar, sempre foi a dependência que a Europa tem das fontes energéticas russas, e até uma das maiores economias europeias, a Alemanha, aumentou essa dependência na última década.

REARRANJOS ECONÔMICOS

Como forma de se opor à Rússia, sansões e boicotes foram realizados a fim de tentar sufocá-la economicamente. Apesar do esvaziamento de empresas estrangeiras e transacionais ocidentais – como Adidas, Starbucks, Apple e Facebook – no território russo, o país ainda sofreu menos do que o Ocidente pretendia.

Além de toda a reorganização do comércio global, “uma questão paralela interessante” foi o que aconteceu com a Venezuela, que vinha muito isolada na última década. Por conta da guerra, e pelo fato de ser uma grande produtora de petróleo, houve uma reaproximação discreta da diplomacia estadunidense com a diplomacia venezuelana, podendo resultar na volta da Venezuela para o mercado energético.