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Últimas / VIDA NOVA?

De faculdade a curso de cultura: Suzane von Richthofen recomeça vida fora da cadeia

Suzane von Richthofen progrediu para o regime aberto e pôde deixar a prisão

Suzane von Richthofen adotou a venda de artesanatos desde sua saída da prisão. - André Vieira/Marie Claire e G1
Suzane von Richthofen adotou a venda de artesanatos desde sua saída da prisão. - André Vieira/Marie Claire e G1

Suzane von Richthofen é autora de um dos crimes mais chocantes do Brasil: a morte de Manfred e Marísia, pais da moça que, na época, estava prestes a completar 19 anos. Hoje, mais de 20 anos após o caso, a ex-detenta planeja recomeçar sua vida fora da prisão com cursos, faculdade e até mesmo trabalhando.

Após ser condenada a 39 anos e seis meses de prisão, ainda em 2006, Suzane teve a pena revisada tempos depois e viu seu tempo na cadeia ser reduzido em 5 anos. Para melhorar sua situação, ela foi beneficiada com a progressão ao regime aberto e cumprirá o restante de sua pena em liberdade - caso cumpra os requisitos necessários.

Com a progressão de pena, Suzane precisou driblar o assédio recebido em suas saídas da prisão para ao menos tentar viver uma vida normal. Entre as tentativas da moça, que agora tem 39 anos, cursar uma faculdade e tentar vender peças de artesanato foram algumas das escolhas.

RELEMBRE A PROGRESSÃO

Suzane von Richthofen conquistou o direito ao regime semiaberto pela primeira vez em outubro de 2015, decorrido cerca de 13 anos do crime e 9 da condenação. Ela precisou ser  transferida para uma nova ala da Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, no estado de São Paulo.

A criminosa já havia recusado tal privilégio para os presos com bom comportamento em agosto do ano anterior, mas mudou de ideia e afirmou querer cumprir a pena no regime. 

Com o benefício, Suzane também recebeu a chance das saídas temporárias, as famosas saidinhas. Dia das Mães, Páscoa, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e Ano Novo eram as datas comemorativas disponíveis para a saída.

PRIMEIRA SAÍDA

Havia a expectativa de que a primeira vez de Suzane fora da unidade prisional de Tremembé desde sua condenação, em outubro de 2006, fosse no Natal de 2015. No entanto, a justiça negou o benefício.

Com a recusa, a prisioneira conseguiu ter sua primeira saída somente na Páscoa de 2016, dez anos após sua chegada na cadeia paulista. Na ocasião, ela foi embora em uma caminhonete com vidros escuros e não se pronunciou.

VIDA ACADÊMICA

Estudante de Direito na época do crime, ela externou sua vontade de voltar a estudar em 2016 e recebeu a devida autorização judicial. No entanto, com medo do assédio fora da prisão, Suzane pediu para fazer o curso de administração de empresas online. A solicitação foi negada por falta de recursos tecnológicos na prisão.

Já em 2020, conquistou uma vaga para o curso de Gestão de Turismo no Instituto Federal de Campos do Jordão (SP). Mas, apesar de ter se matriculado, não recebeu autorização para deixar o presídio para assistir às aulas.

Após alcançar a nota necessária para pleitear vaga em universidades, a sonhada autorização para estudar foi conquistada no ano seguinte. Suzane começou a cursar Biomedicina em uma faculdade na cidade de Taubaté, no final de 2021, quando foi vista em um ônibus a caminho da unidade de ensino.

Apesar de precisar driblar o assédio da imprensa, fotógrafos e até mesmo colegas de turma, ela segue matriculada e chegou a ser flagrada apresentando um seminário sobre maternidade, em outubro de 2022. Segundo o g1, a universitária estava acompanhada de colegas e teve "os desafios da gestação tardia e a importância das tecnologias reprodutivas" como tema da apresentação.

REGIME ABERTO

Com o tempo necessário para solicitar o benefício já cumprido há alguns anos, a filha de Manfred e Marísia tentava a progressão para o regime aberto desde 2018. Apesar da recusa do Tribunal de Justiça de São Paulo em 2020, ela recebeu direito ao benefício no início de 2023.

Com a nova conquista, Suzane recebeu o direito de cumprir a pena fora da unidade prisional, além de poder começar a trabalhar no período diurno, algo que ela já começou a fazer com a venda de artesanato.

Já durante a noite, ela precisa se recolher a casa de albergado, um estabelecimento prisional para abrigar presos com baixo ou nenhum grau de periculosidade, designados pela justiça.

Alguns requisitos precisam ser seguidos para seguir tendo direito ao benefício, entre eles: cumprimento do horário de trabalho, não se ausentar da cidade onde reside sem autorização judicial e permanecer no endereço escolhido durante o repouso e dias de folga.