Temos motivos para nos vitimizarmos em maior ou menor escala o tempo todo - Banco de Imagem/Getty Images
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A lista de situações agudas passíveis de acontecer é extensa

Da Redação Publicado em 03/08/2019, às 08h00 - Atualizado em 18/08/2019, às 10h56

O publicitário Washington Olivetto, logo após ser resgatado de seu cativeiro, depois de 52 dias sequestrado em 2002, disse aos jornalistas uma frase que nunca esqueci: “Fui vítima, não sou mais”. 

A tirada supostamente visava aquietar quem esperava fazer da passagem uma novela mexicana, uma vez que ali estavam todos os elementos para isso: quadrilha internacional, um empresário conhecido, cativeiro e a cadeia de coincidências que o fizeram ser encontrado. 

Podia mesmo ser uma jogada de marketing. Mas, exceto pela menção obrigatória à passagem em seu livro (Direto de Washington, Editora Sextante), Olivetto sempre evitou falar do sequestro. Ele tinha sido vítima. Não era mais.

Temos motivos para nos vitimizarmos em maior ou menor escala o tempo todo. Sempre haverá uma razão para justificar fraquezas, inoperâncias e equívocos. Para a maioria, a culpa nunca nos cabe totalmente. É fácil terceirizá-la.

Se você ficou órfão aos 10 anos, descobriu ser adotado aos 20, teve câncer, perdeu um filho, o marido, o irmão. Perdeu emprego. Passou fome. Conviveu com guerra. Foi injustiçado. 

A lista de situações agudas passíveis de acontecer com humanos é extensa. E a dor e o trauma marcam cada um de uma maneira. 

Não cabe julgar a sequela que acontecimentos indesejáveis imprimem porque existem feridas que ficarão para sempre expostas, aquelas que deixarão somente cicatrizes e outras que servirão de muleta. 

Mas uma existência manca, apoiada no coitadismo, tem, infelizmente, caráter epidêmico. Há certo conforto em justificar o comportamento letárgico com tragédias pessoais. 

São pessoas que chafurdam na lama ácida da autocomiseração, se negando a levantar a cabeça e experimentar que a vida é aquilo que acontece à frente e nunca pelo espelho retrovisor. 

É seguindo, com todos os nossos “apesar de”, que temos a chance de escrever novos capítulos, apurando os ouvidos para escutar a música que nos convida a dançar, lembrando que muletas só vão atrapalhar os passos desse balé.

WAL REIS é jornalista e profissional de comunicação corporativa. Escreve sobre comportamento e coisas da vida: www.walreisemoutraspalavras.com.br/blog/

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