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Olímpiadas Científicas: como funcionam?

Entenda por que crianças e adolescentes se apaixonam por esse universo e o que preciso saber e fazer para participar

Priscila Correia, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 08/03/2024, às 07h00

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Medalhas são o prêmio mais esperado desses torneios que trazem inúmeros ganhos - Priscila Correia
Medalhas são o prêmio mais esperado desses torneios que trazem inúmeros ganhos - Priscila Correia

No universo do conhecimento em que as mentes mais jovens se tornam uma força para desbravar fronteiras, as Olimpíadas Científicas levam crianças e adolescentes para uma realidade diferente em que o foco é a excelência e a superação de si mesmo. São torneios e provas teóricas e práticas que estimulam não apenas a sede pelo saber, mas também abrem caminhos para um futuro promissor.

Mas não se engane. Se à primeira vista, essas olimpíadas parecem apenas uma competição intelectual, na prática não é exatamente isso. Afinal, quando pensamos em competir de forma mais ampla, isso significa se sobressair sobre o outro, tirar uma nota maior ou ser mais rápido, por exemplo. Mas, nesses torneios científicos, o sucesso de um aluno não está na derrota do outro. Pelo contrário. Em diversos deles, aqueles que fizerem os pontos que precisam ser alcançados ganham medalhas. E esse impulso de pontuar junto, sem que ninguém precise vencer o outro, acaba estimulando o senso comunitário, a vontade de se unir aos colegas para treinar, para se superar individualmente, mas torcendo também para que o outro consiga o mesmo. Ou seja, essas provas não visam destacar o melhor, mas, sim, a habilidade de conquistar o maior potencial individualmente.

Caio Jorge, de apenas 9 anos, já tem prêmios em Olimpíadas - Divulgação

Um exemplo de como a participação em olimpíadas trabalha o senso de coletividade é o de Caio George, de 9 anos, estudante do IDAAM e que participa das Olimpíadas de Matemática, Raciocínio Lógico e Astronomia. Sua mãe, Karine Silveira Nascimento, conta como sua rede de amigos aumentou depois que começou a participar desses torneios. “Ele passou a incentivar outros colegas a participarem e fez novos amigos, que também são alunos da mesma escola, mas de outras unidades", comenta.

E para falar um pouco mais sobre as Olímpiadas, a coluna de hoje traz informações fundamentais para quem tem filhos que querem participar desses torneios. 

OLÍMPIADAS PODEM AJUDAR NAS ESCOLHAS DO FUTURO

Não é raro que as experiências vividas por um indivíduo na infância e adolescência acabem, de alguma forma, influenciando na escolha profissional para o futuro.

Marcelo Xavier, Diretor de Ensino da Inspira Rede de Educadores, é uma dessas pessoas. Engenheiro mecânico formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), seu primeiro contato com uma olimpíada de conhecimento aconteceu quando era aluno do Ensino Médio, com cerca de 15 anos de idade. “A escola onde estudava incentivava muito que os alunos participassem e na 1a série do Médio fui convidado para participar de um Clube da Matemática com aulas aos sábados à tarde. Confesso que não foi amor à primeira vista, muito pelo contrário. Tive muita dificuldade para acompanhar o primeiro sábado de aulas e, por muito pouco, não desisti”, conta. Mas tudo mudou quando seu irmão mais velho disse algumas palavras que foram determinantes. “Marcelo, desistir logo na primeira semana é como tentar surfar e desistir na primeira onda que, ainda na arrebentação, te joga ao chão. Para saber se surfar é bom ou não, você precisará ter a paciência de ultrapassar a arrebentação e ir aonde as ondas se formam. Se depois disso você ainda não gostar de surfar, sem problemas, você não é obrigado a surfar. Mas antes, você terá desistido de algo que não conheceu”, disse o irmão. Com essa metáfora, ele o convenceu a seguir no clube e, cerca de um mês depois, já estava apaixonado por aqueles problemas de matemática que exigiam mais criatividade do que fórmulas e conteúdos repetitivos. “Definitivamente, aquela era a minha “praia””, lembra. Ao todo, Marcelo participou de 10 olímpiadas de matemática, entre torneios estaduais, brasileiros, Ibero-americanos e internacionais, sendo medalhista ou ficando entre os três primeiros colocados em 90% delas, além da única olimpíada de física que existia na época, a Olimpíada Estadual do RJ, que ficou na primeira colocação.

Ele lembra, ainda, que as olimpíadas, além de moldarem sua escolha profissional e proporcionarem novas amizades (ele conquistou alguns amigos, que carrega até hoje, 35 anos depois. “O clima é muito bom e de muita cooperação. A pessoa com quem disputei as primeiras colocações em todas as olimpíadas é até hoje um grande amigo”), ainda ensinaram algo que leva até hoje para a sua vida: somos capazes de vencer muitos desafios aparentemente impossíveis se não desistirmos facilmente, se nós permitirmos pensar mais em busca de uma solução. “Ao longo da minha trajetória como estudante e participante das olimpíadas, às vezes, jurava que uma questão não sairia e, alguns minutos, horas ou dias depois, eu descobria que eu era capaz de derrubá-la. E esse é um conceito que eu trouxe para a vida. Evidentemente, já não me refiro mais a problemas de matemática, mas situações da vida que vão desde dificuldades no trabalho até desafios na vida familiar. Não é exagero quando digo que aquele período fez de mim uma pessoa mais resiliente e confiante”, conta. E continua: “Com certeza, ver a transformação que ocorreu em mim ao longo dessa trajetória me inspira a tentar reproduzi-la nos meus alunos. Não que essa transformação tenha que ser por uma olimpíada de matemática, até porque hoje há um leque extremamente aberto para que o aluno possa encontrar o seu prazer nas mais diversas áreas do conhecimento. O mais importante, e é isso que me move profissionalmente, é acreditar que por trás de cada aluno há uma infinidade de possibilidades e cabe a nós, professores, a doce missão de despertarmos em cada aluno a vocação que o espera”, conclui.

E essa influência na vida profissional, ao que tudo indica, vai acontecer com Caio. Karine conta que a participação nessas competições também tem influenciado na escolha do menino. “Ele gosta e entende muito de assuntos técnicos da área de aviação. Diz que não será piloto, mas construirá aviões. E a participação dele nas olimpíadas certamente influenciaram ele nessa escolha, já que é uma área que requer vasto conhecimento da matemática”, diz.

CAMINHO ACADÊMICO  

Embora um aluno não precise ter excelentes notas em todas as disciplinas da grade curricular para participar de olímpiadas, certamente vai precisar se dedicar às matérias que escolher participar das olímpiadas. E essa dedicação aos estudos, provavelmente, levará esse estudante a se sobressair e conquistar vagas em vestibulares.

Um bom exemplo disso são os quatro estudantes medalhistas de ouro da Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), organizada pelo Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, que conquistaram vagas nos cursos de medicina, ciências biomédicas e biológicas por meio da modalidade olímpica, na Universidade de São Paulo (USP). Os candidatos aprovados - Nailton Gama de Castro (Colégio Master de Fortaleza), Igor Bersanetti Gabilondo (Colégio Objetivo Integrado), João Pedro Albuquerque Damasceno (Anexo I do Colégio Da Policia Militar Petrolina) e João Tomás de Camargo Silva (Colégio Etapa-SP) - haviam participado da 19ª OBB, em 2023, e foram capacitados no Butantan para competições internacionais. Além da OBB, os estudantes também são medalhistas em competições internacionais: Nailton e João Tomás conquistaram medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Biologia (IBO), realizada nos Emirados Árabes, e João Pedro a medalha de prata na Olimpíada Iberoamericana de Biologia (OIAB), na Espanha.

Professor Danilo (camiseta azul) ao lado de alunos premiados na OBA - Divulgação

O professor de Física Danilo Conti Moreira, que é responsável pelas Olimpíadas nas Escolas SEB, lembra que, ao se preparar melhor para essas competições, o aluno acaba se preparando também para os vestibulares e fica mais habituado a participar de competições de conhecimento. “O vestibular também é uma competição, então, o impacto é muito positivo nesse sentido”, diz. Mas além do ingresso no vestibular via modalidade do conhecimento, uma medalha numa determinada Olimpíada pode gerar oportunidades na graduação, como bolsas de estudos PIBIC. “Ou seja, quando o aluno vai participar de um processo seletivo já na graduação, uma medalha é, sim, um fator de desempate nesse sentido. E, normalmente, o aluno que participa dessas competições é um aluno diferenciado na graduação também. Ele tem uma visão diferente do curso”, complementa.

Marcos Ferreira, professor de Física e Matemática das Escolas IDAAM, pontua, ainda, que, hoje, as olimpíadas são mecanismo de ingresso em várias universidades, como Unesp, USP e Unicamp. “Temos mais de 100 alunos que foram aprovados em diversas carreiras usando a sua premiação, isso tem se tornado uma tendência. Alguns alunos descobrem talento na área de ciências da computação realizando a Olimpíada de Informática. Temos diversos alunos estudando em São Paulo e Minas Gerais que foram aprovados por vagas olímpicas”, diz.

Vale dizer que, além das já citadas Unesp, USP e Unicamp, outras instituições, como a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), dispõem de vagas exclusivas para medalhistas em olimpíadas de conhecimento. Os critérios de admissão dependem de cada instituição e da medalha obtida.  “A Unicamp foi a precursora em utilizar a nota de Olimpíada do Conhecimento para ingresso em alguns cursos em Campinas. E de meados de 2019 para cá, só tem aumentado a procura pelas competições das Olimpíadas do Conhecimento pelos alunos. Outras universidades vêm seguindo o exemplo dado pela Unicamp e criando também vagas para esses alunos, porque eles perceberam que o aluno que faz o ingresso via modalidade do conhecimento é um aluno diferenciado no ponto de vista intelectual. Foram mais de 810 vagas somente no ano passado e, provavelmente, no final desse ano deve bater mil vagas. Ou seja, só gera benefícios para toda a comunidade acadêmica e científica”, alerta o responsável pelas Olimpíadas nas Escolas SEB.

É NA ESCOLA QUE TUDO COMEÇA

Se o interesse em participar das olimpíadas nasce, na maioria das vezes, do próprio aluno e é incentivado pelos pais, é nas escolas que o desejo se materializa. Afinal, é por lá que a matéria é passada e são os professores que ensinam.

Mas, afinal, quem pode participar das olimpíadas cientificas? “O aluno não precisa ser bom em todas as disciplinas, ele precisa ter afinidade na modalidade que ele está participando, porque o grau de dificuldade é muito elevado comparando com o que normalmente a gente trabalha em sala de aula. Para começar, é necessário participar de aulas preparatórias e estudar à parte, para qualificar o aluno para ter sucesso nas competições, esclarece Danilo. Ele pontua, ainda, , que essas competições cobram conceitos muito avançados para o nível do aluno, que precisa buscar um preparo extra. “O aluno tem que ter uma dedicação muito grande, tem que estar muito focado e saber o que quer. Apesar de trabalhar com o nível médio, essas competições cobram conceitos já de graduação. O aluno precisa, portanto, buscar esse preparo à parte”, complementa.

Marcos Ferreira lembra, também, que as olimpíadas são democráticas e quem quiser participar pode. “Não fazemos escolhas dos alunos que inicialmente podem ter aptidão por uma área. Cada aluno é único e, por isso, hoje, tem muitas olimpíadas em diversas áreas do conhecimento. Não se tem mais esse paradigma que somente aluno que gosta de exatas pode ser inserido nesse universo olímpico. Temos várias olimpíadas: literatura, geografia, língua portuguesa, economia, biologia e diversas outras”, enfatiza. “Para começar, só precisa entender que desafios virão, mas o importante é se encontrar no projeto. Temos alunos que amam matemática e temos outros que amam história ou que amam tudo. Cada aluno pode ter sua experiência dentro de qualquer olimpíada. Nenhum talento pode ser desperdiçado”, diz.

É importante dizer, porém, que, normalmente, as escolas não atribuem notas a mais para que os alunos participem dessas competições. “A maior motivação é que hoje o aluno que participa de uma competição dessa pode ingressar nas universidades via modalidade Olímpiada do Conhecimento. Existe, sim, uma motivação extra que seriam as aulas preparatórias para essas modalidades, as quais os colégios normalmente trabalham no contraturno. Ou seja, há a possibilidade de um preparo no contraturno focado justamente nessas modalidades”, alerta Danilo Conti Moreira.

Já em relação aos principais desafios enfrentados pelos estudantes durante a preparação e participação nessas competições, Marcos diz que, hoje, o grande desafio é ter um incentivo para começar a ser um competidor olímpico. “Precisa ter um apaixonado pelo projeto e uma escola que acredite nas Olimpíadas. A escola que trabalho respira olimpíadas, inclusive, grande parte ou até mesmo quase 100% das nossas aprovações vem de alunos que já tiveram contato com as olimpíadas. Precisa também ter professores que apostem na causa. O professor precisa se preparar para as aulas e encantar seus alunos. Esses incentivos são fundamentais”, esclarece.

O LADO SOCIAL DOS TORNEIOS

Ao ouvirmos sobre olimpíadas cientificas, normalmente pensamos apenas em pessoas estudando muito para alcançar boas notas. Sim, isso acontece. Mas, para além da superação pessoal para conquistar medalhas ou um lugar no pódio, esses campeonatos também trabalham o contexto social dos participantes.

Embora o objetivo das olimpíadas seja aproximar o aluno da universidade, sendo desafiadoras e ajudando o aluno a desenvolver novas habilidades, muitas delas são em equipe, dando muita interação entre os jovens e fazendo com que o assunto seja um ponto comum nas ideias. “Então, eles começam a debater questões a interagir. Temos alunos que não tinham convívio social tão expressivo, mas, a partir das olimpíadas, encontraram ideais e pessoas que compartilhavam do mesmo pensamento”, explica Marcos Ferreira. E complementa: “As olimpíadas unem famílias, pois cada resultado transforma o ambiente em apoteose e quem ganha é o aluno”.

Há, ainda, casos de alunos que foram deixados de lado pelos colegas e passaram a ter uma convivência melhor depois que entraram em olimpíadas cientificas. “Sabemos que muitos alunos são retraídos por amarem a ciência. Então, quando eles encontram outros alunos que compartilham do mesmo sentimento, começam a interagir com outros colegas. Tive um aluno olímpico que era tímido, mas, depois das olimpíadas, encontrou novos amigos e até fez viagens para competir em olimpíadas a nível nacional. Eu, como professor, entendo que a olimpíada deu um novo sentido para este aluno”, exemplifica o professor de Física e Matemática das Escolas IDAAM.

Para Danilo, os alunos que participam dessas competições acabam criando laços com a comunidade de alunos participantes, o que acaba trazendo muitos benefícios, principalmente, por conhecimento da ciência, no modo geral. “O aluno acaba se integrando a comunidades intelectuais, o que é muito positivo”, comenta.

DIRETO AO PONTO

Participar de uma comunidade científica é possível para todos. Entretanto, há alguns detalhes que precisam ser observados pelos alunos.

Clarissa Vergara, sócia da plataforma olímpica Medalhei ao lado de alunos multimedalhistas
Divulgação

E para ajudar a entender melhor essas singularidades, conversamos com Clarissa Vergara, que é CEO do Amplexo Educação e Sócia-Diretora do Medalhei (plataforma com conteúdo diferenciado e especializada para quem quer participar de Olimpíadas e outros concursos, como ENEM). Licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pós-graduada em Neuropsicologia e com diversos cursos na área da neurociência e aprendizagem humana, ela tem mais de 12 anos de experiência na área da Educação, principalmente em Olimpíadas Científicas e possui reconhecimento internacional como mentora de alunos brilhantes (ISKA).

AVENTURAS MATERNAS - Quais são as Olimpíadas científicas mais reconhecidas no Brasil?

Clarissa Vergara - No Brasil, existem mais de 100 Olimpíadas Científicas, dentre as quais se destacam algumas como portas de entrada para o universo olímpico, devido à sua quantidade de participantes, estilo de prova e reconhecimento, tais como OBMEP - Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas e Privadas; Canguru - Olimpíada Canguru de Matemática; OBA - Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica; ONC - Olimpíada Nacional de Ciências; OBF - Olimpíada Brasileira de Física; OBQ - Olimpíada Brasileira de Química; 7ONHB - Olimpíada Nacional em História do Brasil; OBG - Olimpíada Brasileira de Geografia.

AVENTURAS MATERNAS - Quais são os benefícios para os alunos que participam ativamente dessas Olimpíadas científicas?

Clarissa Vergara - Os benefícios incluem o desenvolvimento da autoconfiança, alta performance acadêmica, mudança de comportamento positiva, valorização dos estudos, oportunidades de premiações nacionais e internacionais, acesso a bolsas de iniciação científica desde o Ensino Fundamental, interações e experiências enriquecedoras com atletas olímpicos, além de oportunidades acadêmicas e profissionais, como vagas olímpicas em universidades renomadas.

AVENTURAS MATERNAS - Como a participação em uma comunidade Olímpica pode impactar positivamente o desenvolvimento dos estudantes?

Clarissa Vergara - Participar de uma comunidade olímpica oferece aos estudantes a oportunidade de estar entre jovens estudiosos com objetivos similares, promovendo um ambiente de segurança e pertencimento. Essa vivência proporciona o desenvolvimento de habilidades essenciais como colaboração, empatia e reconhecimento do mérito, fundamentais tanto na prática acadêmica quanto na vida profissional.

AVENTURAS MATERNAS - Além das competições em si, quais são outras oportunidades oferecidas aos participantes das Olimpíadas científicas?

Clarissa Vergara - Os participantes têm acesso a vagas olímpicas em universidades renomadas, como USP, UNICAMP, UNESP e FGV, oferecendo uma alternativa de ingresso sem a necessidade de vestibular. Além disso, há oportunidades de bolsas de pesquisa e estudos no Brasil e no exterior, incluindo processos de application para instituições de renome internacional, como Harvard, MIT e Stanford, enriquecendo seus currículos de forma diversificada.

AVENTURAS MATERNAS - Como a plataforma contribui para a preparação dos alunos para essas competições?

Clarissa Vergara - A plataforma Medalhei oferece um centro de estudos com aulas e materiais direcionados, além de uma Liga composta por questões e missões diárias, que auxiliam os alunos a desenvolverem hábitos de estudo, comprometimento e preparação específica para as principais olimpíadas do Brasil. Eventualmente, são realizados aulões pré-prova e revisões para fortalecer a preparação dos estudantes.

AVENTURAS MATERNAS - Quais são os critérios para seleção e preparação dos alunos que participam das Olimpíadas científicas?

Clarissa Vergara - Todos os alunos, independentemente do nível de habilidade, possuem capacidade para participar das olimpíadas científicas, que são abertas a todos. Cada olimpíada tem critérios específicos de participação, abrangendo desde o Ensino Fundamental I até adultos que já concluíram a faculdade.

AVENTURAS MATERNAS - Como a participação nessas Olimpíadas pode influenciar as oportunidades futuras de carreira dos estudantes?

Clarissa Vergara - O envolvimento em Olimpíadas demonstra dedicação ao longo de toda a jornada escolar, refletindo um comprometimento holístico e baseado nas conquistas acadêmicas. Universidades dentro e fora do Brasil valorizam estudantes engajados nos estudos e com experiências olímpicas, proporcionando oportunidades de carreira e acadêmicas mais amplas.

AVENTURAS MATERNAS - Quais são os principais desafios enfrentados pelos estudantes durante a preparação e participação nessas competições?

Clarissa Vergara - Um dos principais desafios é a falta de programas olímpicos bem estabelecidos em algumas escolas, o que pode limitar o acesso dos estudantes às informações e recursos necessários para competir de forma eficaz. Além disso, a falta de uma cultura olímpica consolidada e oportunidades de interação com outros participantes podem representar obstáculos para os estudantes.

AVENTURAS MATERNAS - Além do aspecto acadêmico, quais são os impactos sociais e emocionais da participação em uma comunidade Olímpica? E das Olimpíadas em si?

Clarissa Vergara - A participação em uma comunidade Olímpica não apenas promove o desenvolvimento acadêmico, mas também gera impactos sociais e emocionais significativos. Essas olimpíadas não são apenas competições, mas sim oportunidades que transcendem o ambiente escolar, influenciando a vida dos participantes de várias maneiras. Em termos sociais, a participação em uma comunidade Olímpica cria uma consciência sobre a importância da educação e valoriza a busca pelo conhecimento e pelo aprendizado contínuo. Além disso, as olimpíadas proporcionam um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais complexas em níveis pessoal, social e de aprendizagem. Os estudantes têm a oportunidade de se tornarem protagonistas de suas próprias histórias, estabelecendo relações significativas com outros participantes e adquirindo conhecimentos que os acompanharão ao longo da vida. Do ponto de vista emocional, a participação em uma comunidade Olímpica pode ser uma experiência transformadora. Os desafios enfrentados durante a preparação e a competição ajudam os participantes a desenvolver resiliência, determinação e autoconfiança. Além disso, a interação com colegas e mentores proporciona um senso de pertencimento e apoio emocional, fortalecendo a saúde mental e o bem-estar geral dos participantes. Portanto, além de estimular o desenvolvimento acadêmico, as olimpíadas científicas têm um impacto profundo no desenvolvimento social e emocional dos participantes, preparando-os não apenas para desafios acadêmicos, mas também para os desafios da vida.

AVENTURAS MATERNAS - Como as Olimpíadas científicas contribuem para promover a ciência e a educação no Brasil?

Clarissa Vergara - As Olimpíadas científicas desempenham um papel fundamental na promoção da ciência e da educação no Brasil, oferecendo aos estudantes oportunidades valiosas de envolvimento com projetos de pesquisa e prática interdisciplinar desde cedo. Essas competições não são apenas eventos acadêmicos, mas sim catalisadores para o desenvolvimento de habilidades críticas e para a formação de uma mentalidade voltada para a solução de problemas. Ao participarem de olimpíadas como a Olimpíada Brasileira de Tecnologia, os estudantes são desafiados a aplicar seu conhecimento de forma prática na resolução de problemas da comunidade, desenvolvendo competências essenciais e promovendo o trabalho cooperativo. Da mesma forma, iniciativas como a Olimpíada do Oceano contribuem para a formação de uma consciência ambiental ao envolver os participantes na compreensão do papel crucial dos oceanos em nossas vidas e na busca por soluções sustentáveis para proteger esse recurso vital. Além disso, a Olimpíada do Futuro se destaca por ser pioneira ao incentivar os estudantes a desenvolverem projetos reais com potencial de impacto significativo na sociedade civil. Essa abordagem não apenas estimula a criatividade e a inovação, mas também capacita os alunos a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades locais, promovendo um ciclo virtuoso de aprendizado e aplicação prática do conhecimento. Assim, as Olimpíadas científicas não apenas inspiram os jovens a explorar seu interesse pela ciência e pela tecnologia, mas também os capacitam a se tornarem cidadãos engajados e agentes de transformação, contribuindo de maneira significativa para o avanço da educação e o progresso da sociedade brasileira.

Em tempo: As Olimpíadas do Conhecimento ajudam a fomentar novos cientistas profissionais, profissão essa que carece no Brasil. “O desenvolvimento de um país se mede pela ciência e tecnologia e, hoje, a gente importa ciência e tecnologia. Nós temos um corpo de cientistas que é muito bem aceito nas universidades do mundo todo, porém aqui no Brasil não há valorização da profissão. Essas competições, acabam criando cada vez mais esse corpo intelectual. Infelizmente, no futuro, muitos deles não ficarão no Brasil, atuarão em grandes multinacionais, mundo afora, e em grandes universidades também, mundo afora. Poucos são os que ficam no Brasil promovendo ciência e educação”, lamenta Danilo Conti Moreira.

*PRISCILA CORREIA é jornalista, especializada no segmento materno-infantil. Entusiasta do empreendedorismo materno e da parentalidade positiva, é criadora do Aventuras Maternas, com conteúdo sobre educação infantil, responsabilidade social, saúde na infância, entre outros temas. Instagram: @aventurasmaternas