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Explante de silicone virou moda, mas quando o procedimento é indicado?

Cirurgiã plástica esclarece dúvidas, famosa fala que não se arrepende e psicanalista explica a tendência atual de enaltecer o natural

por Renata Rode

rodeimprensa@gmail.com

Publicado em 27/04/2024, às 22h05

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A atriz Sill Esteves está grávida e não se arrepende de ter colocado prótese de silicone: "não fiz por modismo" - Arquivo Pessoal / Instagram
A atriz Sill Esteves está grávida e não se arrepende de ter colocado prótese de silicone: "não fiz por modismo" - Arquivo Pessoal / Instagram

Muitas mulheres têm optado pelo explante, que é a retirada da prótese de mamas de silicone. Dentre elas, algumas famosas já aderiram ao procedimento como Giovanna Antonelli, Fiorella Mattheis e Carolina Dieckman. Essa cirurgia está sendo cada vez mais procurada e, segundo a cirurgiã-plástica Tatiana Moura, do mesmo jeito que no passado houve pressão para aumentar o volume dos seios, atualmente isso se converteu para o estigma de que temos que aceitar as coisas naturalmente como elas são, mas não se trata de uma ciência exata. “Isso é pura hipocrisia, pois quem quer ter, tem o direito de ter, e quem quer tirar, tem o direito de tirar. Friso em consultório que cada caso é um caso e que não podemos generalizar as escolhas chamando o silicone de vilão porque não é. Para uma mulher com câncer de mama, por exemplo, colocar prótese é a salvação da sua autoimagem”.

Mais do que uma tendência, essa mudança de comportamento traz estatísticas. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), houve um aumento de aproximadamente 20% nas cirurgias de explante em 2021, em comparação com o ano anterior. “Nos últimos anos tem sido percebida a procura por mamas menores, não exatamente sem próteses. Estou no mercado há 18 anos e nos primeiros oito anos as pacientes procuravam próteses grandes. Hoje em dia é muito raro, a não ser que a paciente seja muito alta ou que tenha um tórax muito largo, sendo necessário um volume maior para ficar harmônico. E mesmo com os números de explantes em crescimento, o volume de implantes chegou a mais de 300 mil só em 2020”.

De acordo com a especialista, há dois motivos para que as pessoas optem por retirar. “Tem o lado comportamental, em que as pacientes querem uma mama menor e aí fica o questionamento se fica sem a prótese ou com uma prótese menor e a questão da resposta inflamatória, que pode acontecer com as cápsulas em alguns casos. Existe estudo com o silicone desde 2011, sendo muito recente, onde as cobaias que desenvolveram a resposta inflamatória eram geneticamente pré-dispostas a terem doença autoimune”, esclarece.

Enquanto algumas retiram a prótese, outras estão felizes com a decisão tomada. É o caso da atriz e humorista Sill Esteves que colocou 180ml há mais de dez anos. “Tive toda orientação do meu médico, o Dr. Edmar Prince e resolvi apenas realçar e não colocar muito. Estou feliz até hoje e me informei bastante antes de tomar a decisão”, conta. Grávida aos 45 anos, ela comenta que não tem receio com relação à amamentação. “Previ tudo isso nas consultas e como foi colocado de uma maneira que não atrapalha, está tudo certo e em ordem. Sempre digo que o melhor é conversar muito com o médico e sanar todas as dúvidas para fazer a intervenção de forma coerente e consciente”, fala a futura mamãe que está em cartaz com a peça “Cada um tem o Anjo que Merece” no Teatro Bibi Ferreira, em São Paulo.

É claro que mesmo sanando as dúvidas em consultório, como a médica mesmo falou, é possível que aconteçam complicações no pós operatório. “Há quatro graus que a cápsula de silicone passa quando é colocada, ou seja, são fases que podem ou não acusar futuros problemas. Seguimos a classificação de Backer e quando colocamos qualquer material estranho ao nosso corpo, ele faz a cicatrização em volta desse material, que nós chamamos de cápsula. Nas mamas, a próteses no grau 1 e 2 passam pela cicatrização com pele mais firme e uniforme, para depois passar para espessa, sem mudar nada de formato ou de textura. No grau 3 a cápsula fica mais espessa e deformada, mudando de cor, enquanto no grau 4 há dor. Grande parte das pacientes troca a prótese no grau 3, pois é a fase em que há alteração estética”. A cirurgiã conta que 4% das pacientes terão essa evolução em menos de 10 anos. “Toda mulher em fase fértil faz ultrassom de mamas de tempos em tempos, onde aparece a cápsula e como ela está. Então, o ideal é que a pessoa troque antes do grau 4, que é onde aparece a dor. Não falamos em anos para a troca, falamos que deve ser trocada de acordo com as contraturas”, contextualiza.

A psicanalista Cintia Castro analisa como benéfica essa mudança de comportamento. “Nos dias atuais, a autoaceitação da beleza natural tem ganhado cada vez mais espaço entre as mulheres. Antigamente, a busca por silicone era uma tendência dominante, refletindo uma pressão por um ideal de beleza inatingível vindo através de padrões pré-estabelecidos pela grande mídia, traziam a falsa sensação de ser aceito pela sociedade”.  Para a profissional de saúde, a valorização da diversidade e da individualidade tem promovido uma mudança significativa no cenário atual. “Mulheres estão se sentindo mais confortáveis em suas próprias peles, reconhecendo e celebrando a sua beleza única. A aceitação de diferentes tipos de corpos e rostos tem se tornado um movimento poderoso de empoderamento feminino. Essa mudança de paradigma está encorajando as mulheres a se amarem e se aceitarem, sem a necessidade de seguir padrões irreais impostos, promovendo uma maior autoconfiança e autoestima. Esse movimento de aceitação acaba inspirando e libertando outras gerações a abraçarem a diversidade como uma forma de beleza legítima”, pontua.

Para Sill, a decisão de colocar prótese não surgiu de modismo, mas sim de um desejo genuíno que ela tinha. “Posso dizer que pra mim, ter colocado silicone foi uma experiência que eu repetiria, pois eu tinha muito incômodo de usar alguns tipos de roupa. Melhorou muito minha autoestima e lembro que quando coloquei nem estava tão em alta o uso do silicone. Não ligo para a moda, coloquei para me sentir mais feliz, e estou satisfeita. Talvez tenha que fazer alguma cirurgia depois de amamentar, mas não pretendo retirar a prótese”, finaliza.