AnaMaria
Busca
Facebook AnaMariaTwitter AnaMariaInstagram AnaMariaYoutube AnaMariaTiktok AnaMariaSpotify AnaMaria

Língua presa? Entenda a melhor maneira de lidar com o problema

Como lidar com a língua presa? Especialista dá todas as dicas

*Dra. Maura Neves, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 04/10/2022, às 08h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
A língua presa é nada mais do que a mobilidade da língua ser limitada pelo freio lingual. - Juan Escalada/Unsplash
A língua presa é nada mais do que a mobilidade da língua ser limitada pelo freio lingual. - Juan Escalada/Unsplash

Olá! O assunto desta semana é língua presa ou freio lingual curto. Nos últimos anos, temos notado um aumento do diagnóstico de língua presa nos bebês e o pior, um aumento no número de cirurgias, muitas vezes desnecessárias.

A língua presa é nada mais do que uma condição em que a mobilidade da língua é limitada pelo freio lingual, uma membrana que fica na parte de baixo da língua. Quando isto ocorre esta membrana pode se estender até a ponta da língua. Mas, independentemente da extensão do freio, o importante é determinar se a língua fica "presa" mesmo, e não de move da maneira correta.

O QUE PODE ACONTECER SE A LÍNGUA ESTÁ PRESA?

O primeiro problema decorrente da língua presa é a dificuldade do recém-nascido em amamentar e pegar o peito da mãe de forma adequada. Isso porque a amamentação depende da movimentação da língua para a sucção. Assim, uma língua presa atrapalha a eficiência das mamadas, além de causar dor a mãe.

Aqui é importante ressaltar que as dificuldades de amamentação não são causadas apenas pelo freio curto. Sendo assim, outras causas devem ser avaliadas, como dificuldades na respiração nasal, refluxo faringolaríngeo, além de má formações craniofaciais no bebê.

Desta forma, antes de determinar que a causa da dificuldade de amamentar é por conta de um freio curto, uma avaliação medica (história de amamentação, exame físico e palpação do freio) e de profissionais de amamentação deve ser feita.

E PARA FALAR?

O freio lingual curto tipicamente não atrapalha a dicção das palavras. Há condições como o ceceio, uma distorção da fala na articulação dos sons de “s”, “z”, “x” e “j” causada pelo posicionamento da língua entre os dentes para a produção destes sons, e que não está necessariamente relacionada ao freio curto. A maioria dos estudos sugere que até os sons que necessitam de protusao e elevação da língua são produzidos na presença de do freio curto.

PODE CAUSAR APNEIA DO SONO?

Alguns profissionais sugerem que isso ocorra, pela hipótese de que o freio curto tracione a língua para trás e reduza o espaço para a passagem do ar próximo ao palato (céu da boca). Contudo, os consensos e estudos não comprovam essa hipótese. Assim, atualmente a língua presa não é culpada por causar ronco e apneia do sono.

E OS PROBLEMAS SOCIAIS?

Neste caso, devo dizer que sim. Além disso, nas crianças maiores, causa dificuldades em lamber os lábios, em limpar os dentes e até embaraço social. Nestes casos, haverá melhora da qualidade de vida quando a cirurgia é realizada.

E A CIRURGIA PODE SER FEITA ATÉ QUANDO?

Trata-se de uma pequena cirurgia que pode ser feita até sem anestesia, segundo os últimos estudos, segura e fácil de ser realizada. Não há idade limite para a indicação. Há uma sugestão de que, se houver dificuldade de amamentação, com dor a pega da mamada sem melhora com medidas conservadores (como alterações de posição, protetores, entre outros) a cirurgia precisa ser feita quanto antes (antes até de 1 mês de vida, se necessário) para que o aleitamento materno seja mantido.

Crianças maiores, na maioria das vezes, requerem anestesia geral, já que pode ser difícil entenderem que precisam ficar paradas para "cortar" a língua!

E QUANDO NÃO DEVE SER FEITA?

Há situações de contraindicação relativa à cirurgia. Isto quer dizer que a indicação deve ser avaliada com mais cuidado ainda. Pessoas com retrognatia, micrognatia, hipotonia ou desordens neuromusculares podem ter piora no posicionamento da língua caso a cirurgia seja feita, com piora tanto da respiração quanto na alimentação.

Em suma, atualmente a indicação e necessidade de realizar a soltura do freio lingual curto tem poucas indicações. Mesmo na presença de uma criança com freio curto pode-se ter uma boa amamentação e fala. A cirurgia deve ser cuidadosamente avaliada.

*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves