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Comportamento / Abusos

Como identificar maus tratos a pessoas da terceira idade? Veja dicas

Denúncias de violência contra idosos em 2021 ultrapassa números totais de 2020

Ana Mota Publicado em 15/06/2021, às 17h20

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Dia 15 de junho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa - Unsplash
Dia 15 de junho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa - Unsplash

O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa é celebrado nesta terça-feira, 15 de junho. A data marca o dia em que o mundo passou a promover campanhas para prevenir e denunciar os casos de maus tratos contra as pessoas da terceira idade. Em 2021, esse marco se torna ainda mais relevantes. 

De acordo com números do Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, apenas no primeiro semestre deste ano foram registradas mais de 33,6 mil denúncias de violação de direitos dos idosos. Em todo 2020, foram 48,5 mil casos. No ano passado, no segundo trimestre, o número de denúncias cresceu 59% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Mas para Natan Chehter, geriatra do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), é preciso repensar o que é considerado violência. "As pessoas pensam que existe apenas a violência física, mas tem a psicológica, a financeira e a moral, além de muita negligência e abandono. Tudo isso é violência", ressalta.

O especialista avalia um possível motivo para o aumento do número de casos de violência nos últimos meses: o chamado 'estresse do cuidador'. "Na prática, quem está mais ligada aos cuidados dos idosos é o cuidador. É preciso ter atenção para essas pessoa, pois elas têm uma carga muito alta de estresse com todo o trabalho que desempenham, algo que a pandemia acabou sobrecarregando", explica.

Por isso, ele indica que familiares ou pessoas próximas aos idosos verifiquem como são realizados todos os cuidados, ajustando para que as rotinas não sejam alteradas e, dessa forma, não desassista ao idoso e nem sobrecarregue quem cuida. "Outra coisa é que as famílias estão mais em casa e isso gera um contato mais frequente. Então precisa de um 'jogo de cintura' para equilibrar toda essa atenção que essa pessoa merece."

COMO IDENTIFICAR MAUS TRATOS?
Para Nathan, existem sinais que podem ser levados em conta para se suspeitar que a pessoa da terceira idade em questão está sofrendo maus tratos. 

"Perceba quando esse idoso ou idosa aparece muito no hospital, sofre muito "acidente", tem fratura, hematoma, ferida que não está cicatrizando ou se está perdendo muito peso, pois isso indica uma alimentação inadequada, ou seja, ver se a pessoa está bem cuidada", diz. 

Outro sinal que pode indicar problemas é o comportamento que a pessoa idosa apresenta quando está na companhia de seu cuidador. Isso porque ela tende a ficar mais agitada ou nervosa. "Todos esses pontos fazem parte da observação. Tem que suspeitar e ver sempre como é a evolução da saúde desse idoso", explica o especialista. 

UM PROBLEMA SÉRIO
Atualmente, existem quatro canais para buscar orientação ou realizar denúncias:

  • Unidades municipais de saúde;
  • Delegacias;
  • Direitos Humanos: no disque 100 ou no aplicativo;
  • Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), no (61) 99656-5008;
  • 190: Policia Militar (para situações de risco eminente).

No entanto, para o geriatra ainda há um problema muito sério em relação aos casos de maus tratos identificados. "O Estado sabe identificar, mas não sabe solucionar", diz.

Ele explica que é difícil que idosos consigam vagas para se mudar para as instituições de longa permanência (ILPI), que são filantrópicas ou públicas. Ou seja, as chances dessas pessoas da terceira idade que sofrem algum tipo de abuso conseguirem deixar o ambiente de violência são escassas. 

"É muito difícil afastar esse idoso do agressor. Não tem uma alternativa de quem possa cuidar dessa pessoa e ela vai continuar no mesmo ambiente. É uma situação muito delicada. Uma vez que tem essa denúncia validada, são vários os caminhos para apurar, mas, de fato, qual é o resultado? E quando não tem uma família que pode cuidar?  Acaba que não retira o idoso do ambiente porque não tem esse recurso", esclarece.    

Atualmente, não existe uma vara especializada em idosos no país. Há apenas os Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) para acompanhar os casos de maus tratos. 

No Brasil, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou a Campanha Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa. O objetivo é promover medidas para prevenir e identificar situações de violência, negligência e abuso contra os idosos.