A atriz Karina Dohme falou sobre sua carreira e a preparação de interpretar uma personagem diferente
Karina Dohme voltou com tudo! Após ficar quatro anos afastada das telinhas, ela deu vida à Teca na última novela das 19h da TV Globo - ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’ - e, agora, se prepara para a estreia de um novo trabalho: ‘Os Parças’, nova série da Globoplay.
As gravações do projeto terminaram recentemente, com previsão de lançamento para março de 2023. Derivada dos filmes homônimos de 2017 e 2019, trará os quatro protagonistas das produções: Tirullipa, Tom Cavalcante, Bruno De Luca e Whindersson Nunes. Dohme integra o elenco como o par romântico de um deles.
“A Cintia é completamente coração, uma menina do bem, que acredita no amor e é cheia de valores. Ela é apaixonada pelo homem com quem é casada e tem um desejo muito grande de constituir uma família. Também sabe o que quer, é decidida e bem dura, mas tem uma doçura”, descreve a atriz, em entrevista exclusiva à AnaMaria Digital.
No bate-papo, Karina contou histórias divertidas dos bastidores da série, como foi a transição entre duas personagens tão diferentes e os desafios da profissão, além de seus planos para o futuro. Confira!
“Gravar com esses quatro protagonistas é uma insanidade. Se você deixar, não param. Porque um faz uma piada, e o outro faz outra, e um terceiro puxa uma piada dessa piada, aí o outro puxa uma piada externa e traz para dentro. É uma loucura!”, revela Karina Dohme sobre sua experiência no set de ‘Os Parças’.
Segundo a atriz, as piadas e brincadeiras entre os membros do elenco fizeram com que a rotina de gravação fossem muito mais tranquilas por conta do ambiente divertido, apesar do ritmo intenso e dos problemas que surgiram ao longo do processo.
“Por exemplo, tinha muita cena [gravada] na casa da [personagem] Cintia, mas só tínhamos quatro diárias para fazer. Também pegamos umas semanas de muito frio em São Paulo (SP), com gravações durante a madrugada, das 20 horas às 11 da manhã. Todo mundo estava com sono e cansado, mas o tempo todo tinha uma boa vibração, com todos se divertindo, acima de tudo”, conta.
Karina lembra ainda de três momentos que arrancaram boas risadas nos bastidores: uma envolvendo ela e seu par romântico - que ainda não pode ser revelado - e outras duas relacionadas a Tirullipa e uma das convidadas especiais da produção, Jojo Todynho.
“Eu e o meu marido [na história] gravamos com um coelho, mas é difícil gravar com animal, pois não sabemos como ele vai se comportar. O coelho ia de um lado para o outro e, quando não estava gravando, fazia direitinho. A gente comentava: ‘Ah, meu Deus, agora fez direito! Qual é o cachê do coelho? Ninguém pagou esse coelho bem. Quem foi o preparador de elenco desse coelho?’”, relembra, aos risos.
Em relação à participação da cantora no seriado, Karina conta sobre quando a equipe estava gravando em um galpão, até que Jojo pediu licença para ir ao banheiro e, por algum motivo, não voltava mais. “E aí o Tiru ficava: ‘Tá onde? Tá fazendo o número dois? Precisa de ajuda?’, só que gritando, para todo mundo conseguir acompanhar. E eles faziam Stories, mostrando um ao outro, e não paravam um minuto de brincar e fazer piadas”, conta.
Com uma equipe tão animada, óbvio que as brincadeiras não se limitavam às pausas entre as cenas. Durante uma gravação, Tirullipa queria dar um beijo em Jojo, mas a cantora respondia que não beijaria ninguém. “E aí o Tiru ficava tentando ver se não rolava esse bendito beijo. E Jojo ficava muito brava, mas não cabia a braveza em cena. Quando o diretor cortava, ela estava muito irritada e os dois meio que discutiam, mas era tudo uma grande brincadeira no final das contas”, lembra.
Para Karina, as brincadeiras ainda proporcionaram uma maior liberdade aos atores e flexibilidade na história, sendo muito positivas para construir uma narrativa mais dinâmica e real. “É muito legal, porque não ficávamos engessados no texto. Embora esteja muito bem escrito e hilário, tínhamos essa liberdade de criar e de colocar as piadas que combinavam. Ter essa autonomia, principalmente na comédia, é algo muito bacana e importante para fazer o trabalho certo”, pondera.
O clima de diversão e as brincadeiras foram tão intensos que, em certos momentos, a situação saia do controle da produção de ‘Os Parças: “Foi um desafio enorme para o [diretor Marcelo] Zambelli, porque a galera era sem limites. Você está gravando com um monte de comediante e vai reverberando, um ri, aí o outro também ri, e às vezes o cara nem tá em cena e tá rindo, e o riso é uma coisa que contamina”, lembra.
Em vários momentos, segundo Karina, o diretor precisava falar mais sério: “‘Tá bom, galera, muito legal, mas eu preciso entregar, tá escurecendo, dá pra gente, por favor, fazer a versão correta? Porque não tá dando, vocês perderam o limite’. E a produção também: ‘Gente, vamos focar, pelo amor de Deus, porque no final das contas temos um projeto para entregar, né? Não é só essa diversão toda’”, conta.
Em sua volta às telinhas, Karina Dohme conseguiu dois papéis que não poderiam ser mais diferentes: de um lado, Teca de ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’, uma personagem manipuladora que fazia qualquer coisa para se dar bem. Do outro, tem a Cintia em ‘Os Parças’, que promete trazer romantismo à trama.
A atriz conta não ter conseguido aproveitar nada de uma personagem para a outra, já que ambas são muito diferentes entre si. Inclusive, no começo de seus estudos para interpretar a mocinha da série de comédia, ela enfrentou dificuldades para se desvincular da personagem vilanesca da antiga novela das 19h.
“Eu ainda estava muito na Teca, com quem eu tinha um cuidado muito grande pelo sotaque carioca forte que eu não tenho, mas a personagem tinha. E, no começo, precisava ter cuidado, porque puxava um ‘s’ e um ‘r’, fazendo ser um verdadeiro processo entrar em uma nova personagem. Tive que achar outro jeito de falar e mexer no cabelo, além do figurino e a maquiagem serem completamente diferentes”, compara a atriz.
De certa forma, admite Karina, Cintia foi uma personagem mais tranquila de interpretar do que Teca, até mesmo pela maior identificação da atriz. Ela até buscou inspiração na própria relação com o marido, Lucas Camargo, para a personagem.
“Especialmente no nível de paixão que essa mulher tem, além do amor na relação dos dois. Me questionava: ‘Como eu me apaixonei pelo Lucas? Qual é a relação que a gente tem?'. Eles [Cintia e marido] têm umas crises no meio da série. Então, pensava: ‘Se eu estivesse em crise com o Lucas, como eu estaria me sentindo?’. Óbvio que é diferente, mas a gente tá interpretando um ser humano e, para entrar em contato com essas emoções, acabamos recorrendo a recursos pessoais”, comenta sobre Cintia.
Na trama de ‘Os Parças’, Cintia estará passando por momentos difíceis no casamento com o marido, por quem é apaixonada. Karina conta que a mocinha já passou por relacionamentos complicados com homens que não eram legais, encontrando em seu par romântico um carinho que nunca teve antes.
Por isso, a crise e o relacionamento dos dois trará uma carga emotiva para essa série de “comédia escrachada”, necessária para trazer nuances à história.
“Minha personagem tem essa função de dar essa acalmada e promover essa identificação com o público, em um momento mais tranquilo, mais romântico e fofo da série. Você sai do: ‘Cara, tô rolando de rir’ para o ‘Ai, que fofo’. Ela traz esse equilíbrio. Acredito que ela é muito importante nesse lugar”, opina Dohme.
Outra coisa que mudou muito para Karina na transição entre Teca e Cintia foi o modo de desenvolver sua personagem e filmar a produção. Segundo a atriz, a série permite trabalhar mais tranquilamente, já que o roteiro está todo escrito antes do início das gravações, diferentemente das novelas, que possuem um ritmo mais frenético e provêm outra relação com a personagem que o ator vai interpretar.
E esta forma de gravar é nova na vida profissional dela, que sempre esteve envolvida em produções cujo ritmo de filmagens era mais parecido ao de telenovelas, como ‘Zorra’, ‘Sandy & Júnior’, ‘Turma do Didi’ e ‘Os Caras de Pau’, apesar de se tratarem de programar semanais. “Eu sempre vim de uma pegada mais intensa de trabalho, e essa coisa do streaming me trouxe para um lugar um pouco diferente de timing”, diz.
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Além das diferenças no mundo do audiovisual, Dohme também comenta que a nova estreia impactará sua popularidade com o público, principalmente por se tratar de uma produção que já possui dois filmes e conquistou seu espaço no coração dos brasileiros.
“É um desafio, porque estou chegando em um lugar que já tem um espaço consolidado, tanto é que virou uma série porque as pessoas amaram os filmes. Então, tenho o dever de me encaixar nesse lugar e espero que o público me aceite e acate essa Cintia que eu tô fazendo”, expressa suas expectativas. “Estou ansiosa para estrear e ter esses feedback”, relata.
Por fim, Karina Dohme revelou que seus planos envolvem ainda o desejo de ser mãe: “Nesse momento, estou fazendo um congelamento de embriões com meu marido, porque queremos ser pais, mas não agora. É um processo mais chatinho que demanda tempo e, talvez, disposição física. Então, entre outubro e novembro, eu decidi me dedicar a isso, porque é algo que já estávamos adiando e não dá mais”.
Além disso, ela disse estar procurando algum novo projeto para estrear no teatro ao lado de amigos, muito provavelmente no próximo ano: “Temos buscado alguns textos para ver o que dá para montar, se vamos adaptar alguma coisa que já existe, é um desejo meu. E o mais são essas surpresas da vida que vão aparecendo”, diz, fazendo referência tanto a ‘Quanto Mais Vida, Mlehor!’, quanto a ‘Os Parças’.
“Eu, que fiquei um tempo parada, e tenho um estigma de só fazer comédia - hoje muito menos porque eu fui conquistando o meu espaço -, mas quando a gente mostra que interpreta vilã, mocinha ou uma cena mais emocionada, isso tudo vai me dando uma bagagem e vai me construindo como atriz para o público, para os meus possíveis diretores e para o meio, sendo fundamental”, finaliza.
