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Últimas Notícias / Sinta & liga

Conselho de amiga: desculpe, maturidade, mas vou continuar sem noção!

E continuo fazendo planos para quando eu crescer

Da Redação Publicado em 27/07/2019, às 09h00 - Atualizado em 18/08/2019, às 10h56

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Faço planos esperando que esse dia nunca chegue para a vida não perder a graça - Banco de Imagem/Shutterstock
Faço planos esperando que esse dia nunca chegue para a vida não perder a graça - Banco de Imagem/Shutterstock

Uma de minhas amigas, daquelas que vão morrer com 13 anos mesmo vivendo até os 90, me mandou uma música em um domingo de manhã e ordenou: “Sai dançando pela sala porque essa merece”.

Conhecendo meu gosto musical e a total falta de compromisso com obrigações dominicais de dona de casa, ela sabia que era exatamente o que ia fazer. 

E eu, o Wilson Simonal e a Sá Marina descemos uma rua da ladeira imaginária enquanto as panelas me esperavam no fogão. Tenho dificuldade para entender que algumas práticas não deveriam mais caber no meu dia a dia. Porque sou adulta. Porque hoje me chamam de senhora. 

Mas a senhora ainda gosta de jogar futebol na praia, tem ímpetos de encher de gelo as costas dos colegas que tomam sol impunemente, de salgar a caipirinha e jogar a carcaça do caranguejo na barriga do cervejeiro desavisado, que dorme sob o guarda-sol.

Eu sei que não deveria, mas escondo bolsas, celulares e chaves só para ver o desespero dos proprietários. Aperto todos os botões do elevador quando sei que minhas visitas estão esperando lá embaixo. 

E sacaneio minhas amigas com imagens de velas fálicas nas mensagens de aniversário. É penoso me manter séria em missas quando o padre cantarola em latim. Eu me belisco para conter a gargalhada ouvindo o palestrante sisudo proferir palavras que, para mim – e, na maioria das vezes, só pra mim mesma – têm conotação sexual. 

Paro tudo para jogar Imagem & Ação e, sim, sou desleal há anos para beneficiar meu time. Mas passei da fase do chiclete e das tachinhas nas cadeiras por ter sido a vítima por vezes. Ainda coloco o volume do rádio do carro no máximo quando toca a música anos 90 predileta e canto mais alto que o cantor. 

Também é complicado manter a parte de baixo do corpo parada quando escuto funk, mesmo sabendo que aquela letra é escrota e uma senhora de respeito não deveria descer até o chão. E continuo fazendo planos para quando eu crescer. Esperando que esse dia nunca chegue para a vida não perder a graça.

WAL REIS é jornalista e profissional de comunicação corporativa. Escreve sobre comportamento e coisas da vida: www.walreisemoutraspalavras.com.br/blog/