Por envolver o fluxo da fala, gagueira pode ser confundida com a fase de desenvolvimento oral da criança
Olá! O tema desta semana será gagueira e as disfluências da fala na Infância. Ambas são alterações na fluência da fala (suavidade e facilidade com que os sons são emitidos), que podem interferir na comunicação. Contudo, existem algumas diferenças entre elas.
Por envolverem o fluxo da fala, ambas podem ser confundidas com a fase de desenvolvimento oral da criança. Neste caso, em específico, a disfluência do desenvolvimento, que atinge crianças de 2 a 5 anos, é o tipo de alteração mais comum da fala.
E vale ressaltar que qualquer pessoa saudável pode ter momentos de disfluência, seja por falta de planejamento do que será falado ou na verbalização do mesmo, especialmente em situações de ansiedade, cansaço, falta de sono ou complexidade do que será dito. São aqueles famosos “trava-língua", sabe?
Nestes casos, as disfluências são pontuais e correspondem a repetição de frases ou interjeições repetidas no discurso. Aqui, podem ocorrer:
Entre 8 a 17% das crianças (tipicamente entre 2 e 5 anos) experimentam um período de disfluência da fala, que é transitório e associado a um período de grande desenvolvimento da linguagem, com aprendizado de novas palavras ou fonemas.
Mas não se preocupe, pois isto é normal e autolimitado e cerca de 75% destas crianças, que apresentam uma recuperação espontânea e gradual da fluência da fala. Se, por outro lado, houver um agravamento progressivo das disfluências ao longo do crescimento, em frequência e complexidade, devemos considerar a gagueira.
Ou seja, a gagueira apresenta uma disfluência semelhante, porém regular e com um nível de repetição mais alto em relação à disfluência normal ou típica da infância, que pode aumentar cada vez que a criança gagueja.
Por isso a Gagueira se enquadra nos distúrbios de fala. Ela é caracterizada pela repetição ou pelo prolongamento/demora ao emitir alguns sons (dependendo da região em que a fala for produzida, também há uma alteração no tempo de execução das sílabas, palavras e frases), interferindo na fluência e na comunicação da pessoa. A gagueira não tem uma causa definida, mas pode ser desencadeada por:
Fatores emocionais (psicológico) podem ser agravantes, mas não os causadores da gagueira. O que pode acontecer é a criança ter fatores de risco não aparentes para o distúrbio e ao passar por um impacto emocional forte, começar a gaguejar.
Como a gagueira pode ser confundida com a fase do desenvolvimento normal da fala e linguagem, em que há uma repetição no momento do aprendizado, é importante se atentar aos sinais que este tipo de distúrbio apresenta, que costumam ser:
Se houver uma predisposição orgânica para gagueira, existem alguns fatores de risco para seu aparecimento:
A gagueira não tem cura, mas o tratamento precoce tem uma eficácia de 90% a 100%. Contudo, se houver uma demora, as chances de obter resultados positivos diminuem, assim como as da remissão total do quadro. Algumas dicas importantes de como lidar com quem tem gagueira:
Dica final: na dúvida se há algo anormal na fala da criança, procure seu médico!
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves.