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Tontura pode ser psicológica? Como tratar? Veja dicas de especialista

Tontura ainda gera muitas dúvidas: especialista esclarece várias delas

*Dra. Maura Neves, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 18/10/2022, às 08h00

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Tontura é um problema para várias pessoas. - Trees/Unsplash
Tontura é um problema para várias pessoas. - Trees/Unsplash

Olá, pessoal de AnaMaria! Esta semana vou falar um pouco sobre tontura e as causas psicológicas associadas a ela, um tema que costuma gerar muitas dúvidas. Isso porque o termo “psicológico” é empregado pode dar a entender que alguma sensação é imaginária.

Assim, gostaria de deixar bem claro que os fatores “popularmente” taxados como psicológicos ou emocionais, tais como ansiedade, depressão e estresse, se relacionam a mudanças de atividade no cérebro, como aumento ou falta de mediadores químicos, que realizam a regulação das atividades corticais e estão longe de serem imaginados.

QUAL É O PAPEL DO CÉREBRO NA TONTURA?

O cérebro é o coordenador do nosso equilíbrio corporal, desde locomoção, passando por controle de postura e orientação do corpo no espaço. Ele recebe e integra informações de diversas partes do corpo para fazer esta tarefa. O labirinto também envia dados ao cérebro através de combinação de estímulos recebidos dos olhos e espinhais.

Quando ocorre uma labirintite, existe um desbalanço nas informações de equilíbrio enviadas ao cérebro pelo labirinto, gerando a tontura. Os episódios de labirintite normalmente melhoram ao longo de dias a semanas, por um mecanismo chamado de compensação cerebral. Em outras palavras, o cérebro reaprende o equilíbrio através de plasticidade neuronal, ou seja, a nossa capacidade de aprendizado e adaptação.

A capacidade de compensação do cérebro envolve é influenciada por múltiplos fatores, entre eles o grau de ansiedade do indivíduo. A ansiedade- depressão é uma condição emocional na qual ocorre desconforto físico e mental (com sensação de agonia, aflição, angústia, impaciência, medo, desânimo, tristeza) determinado por mudanças de neurotransmissores no cérebro.

Estudos recentes relacionaram que pessoas com ansiedade tem maior chance de desenvolver a TPPP, ou Tontura Postural perceptual persistente. Descrita em 2017, é uma tontura que os pacientes têm dificuldade em explicar - e que aparece quase diariamente e se mantém por mais de três meses.

A TPPP apresenta dois sintomas-chave, que podem ser flutuantes ou contínuos:

  1. Sensação e tontura com relatos de “cabeça vazia”;
  2. Instabilidade descrita como sensação de balanço, ou “pernas bambas”.

Há também piora da tontura em ambientes com muitas informações visuais, quando se esta em pé e com movimentos da cabeça. Outros fatores frequentemente associados a severidade deste tipo de tontura são estresse, introspecção, fadiga e agitação.

O mais interessante é que, muitas vezes, as respostas obtidas nos exames do labirinto são normais. Ou seja, a tontura vem mais do desbalanço de estímulos no cérebro do que problemas no labirinto. No caso do estresse, ha indicação de que ele é um fator-chave, com impacto tanto no funcionamento do labirinto.

O estresse gera ativação do sistema neural que controla a liberação de todos os hormônios no corpo (eixo Hipotálamo-hipofise- adrenal) e neurotransmissores (sistema nervoso autônomo), necessários para o equilíbrio do corpo e reequilíbrio do labirinto. A liberação excessiva destas substâncias causam impacto no processo de compesação cerebral, sugerindo um equilíbrio delicado entre saúde e doenças.

Ele é um fator desencadeante de doenças como Meniere (ocorre tontura, zumbido e sensação de ouvido tampado), além de e enxaqueca vestibular (tontura associada ou não a dor de cabeça).

E COMO TRATAR?

No caso de uma pessoa com tontura crônica, devemos considerar também que o contrário é verdadeiro: a tontura piora o estresse, ansiedade e depressão.

E após entendermos que o cérebro precisa de um equilíbrio de neurotransmissores para realizar a compensação, o tratamento dos fatores emocionais é importante para o controle das tonturas. Por esse motivo, muitas vezes, são usados antidepressivos ou calmantes para esse objetivo.

CONCLUSÃO: 

É importante entender que fatores emocionais interferem na recuperação de uma labirintite, sendo ainda desencadeadores de crises e determinantes da intensidade das mesmas. Nossas emoções ativam ou inibem determinadas áreas do cérebro que estão conectadas com os sistemas envolvidos no nosso equilíbrio.

*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves