Valorizando o ambiente de trabalho saudável, apenas 4% tenderiam a ficar pelo bom salário, diz pesquisa
Você já se sentiu cansada ou esgotada profissionalmente? Esse sentimento é mais comum do que imagina e pode receber o nome de Burnout. Com o tema em alta, uma pesquisa recente identificou que 56% das pessoas priorizam um ambiente de trabalho saudável, enquanto apenas 4% tenderiam a ficar no emprego pelo bom salário.
De acordo com a Onlinecurriculo, plataforma de currículos online responsável pelo levantamento realizado com 500 brasileiros de todas as idades e regiões do país, a relação dos trabalhadores entre o espaço de trabalho e saúde mental está cada vez mais valorizada.
Para a consultora e especialista em carreiras da Onlinecurriculo, Amanda Augustine, isso se dá porque um ambiente de trabalho saudável é aquele que não apenas protege a saúde física e a segurança de seus funcionários, mas que apoia seu bem-estar mental e social.
Inicialmente, foi perguntado para os entrevistados se eles consideravam sair de uma empresa que apresente um ambiente de trabalho que não seja saudável, mesmo que o salário fosse satisfatório.
Em uma escala de zero a dez, onde zero indicaria que o trabalhador não sairia da empresa e dez representando que certamente sairia, a maioria dos respondentes indicou que não permaneceria na instituição.
Em números, 26% escolheram o número 10; 11% o 9, e 19% o 8. Somadas, as colocações que priorizam um ambiente de trabalho saudável chegam a 56%, enquanto apenas 4% tenderiam a ficar no emprego pelo bom salário.
Mas, afinal, o que é considerado saudável no ambiente de trabalho? Segundo a pesquisa, 58% dos respondentes indicaram que uma equipe colaborativa e com bom relacionamento é essencial para um ambiente saudável. Já para 57% é indispensável que a empresa valorize os trabalhadores com promoções e retorno financeiro.
Em outros aspectos, 56% desejam uma liderança compreensiva e com boa comunicação. Enquanto, 53% disseram esperar uma infraestrutura que ofereça todos os acessórios e ferramentas necessárias para o desenvolvimento das demandas, e 51% revelam que a transparência da empresa com os colaboradores é essencial.
Amanda explica que a cultura corporativa de uma empresa desempenha um grande papel em sua capacidade de cultivar esse tipo de ambiente de trabalho saudável.
Para estar nesse lugares, ela dá dicas: “Ao procurar um emprego que ofereça um ambiente de trabalho saudável, busque empresas que incentivem a colaboração e o trabalho em equipe, que promovam a diversidade, a inclusão e a equidade, e que ofereçam aos seus funcionários a flexibilidade necessária para equilibrar o trabalho e a vida pessoal”, orienta a especialista.
De forma geral, o brasileiro está familiarizado com o termo “burnout” - 75% dos respondentes souberam o real significado do termo, que pode ser traduzido como Síndrome do Esgotamento Profissional, descrito como um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema e esgotamento resultantes de situações de estresse intenso no trabalho.
Mas, outros problemas de saúde mental estão presentes no ambiente de trabalho. “Quando uma empresa tem um ambiente de trabalho tóxico - ou seja, uma atmosfera onde comportamentos negativos, antagônicos ou disfuncionais estão incorporados à cultura da empresa - isso pode levar seus funcionários a experimentarem estresse crônico, ansiedade, depressão e burnout”, afirma Amanda.
A especialista comenta ainda como os casos de burnout profissional se tornaram comuns no local de trabalho. “Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o burnout em sua Classificação Internacional de Doenças (CID)”, relembra ela.
Segundo dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), no Brasil cerca de 30% de mais de 100 milhões de trabalhadores são afetados pela doença. O tratamento da Síndrome de Burnout deve ser prescrito por um médico especializado e cada caso requer uma orientação específica.
Contudo, em geral existem algumas medidas que podem ajudar no tratamento e tornar o ambiente de trabalho saudável, como praticar o autocuidado, impor limites, manter hábitos saudáveis e equilibrar trabalho e vida pessoal. Além disso, é importante evitar o consumo de álcool, açúcar em excesso, tabaco, entre outras drogas.
Exaustão física e mental: veja como tratar a Síndrome de Burnout
Para Amanda, a valorização da saúde mental no ambiente de trabalho foi potencializada pela pandemia do Coronavírus, já que ela criou uma oportunidade única para muitos profissionais reavaliarem suas prioridades e buscarem por trabalhos a partir de um novo conjunto de critérios.
“Aqueles que tiveram a sorte de manter seus empregos durante a pandemia, muitas vezes enfrentaram ambientes de trabalho mais estressantes, onde era esperado que alcançassem as mesmas metas, mas com significativamente menos recursos e mão de obra”, analisa a especialista.
A consultora de carreiras ainda destaca que, com o cenário pandêmico, muitos profissionais tiveram a oportunidade de experimentar os benefícios do trabalho remoto pela primeira vez em suas carreiras, e, com isso, não estão mais dispostos a abrir mão dessa flexibilidade.
Essa revisão de prioridades também é benéfica para as empresas. “Felizmente, os eventos dos últimos anos também foram um alerta para o mundo dos negócios, com um número crescente de empregadores agora priorizando o bem-estar dos funcionários e a saúde mental dentro de suas organizações”, destaca Amanda.
Você busca tornar seu ambiente de trabalho saudável ou tem algum familiar nessa situação? Confira 9 passos para fugir do burnout.
