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25 anos de ‘Malhação’: Emanuel Jacobina e Sérgio Hondjakoff relembram bastidores da trama

Ao lado de Andrea Maltarolli, o roteirista ajudou a dar vida ao projeto televisivo que já está no ar há 25 anos

Marcela Del Nero Publicado em 22/09/2020, às 08h00

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A série embalou a adolescencia de muitos brasileiros - Nayara Bardin/Rodrigo Lopes/Fabrício Mota/CEDOC/TV Globo
A série embalou a adolescencia de muitos brasileiros - Nayara Bardin/Rodrigo Lopes/Fabrício Mota/CEDOC/TV Globo

Quando pensamos em ‘Malhação’, muitas memórias afetivas invadem a cabeça de seus telespectadores. Afinal, em 2020, a novela da TV Globo comemora 25 anos no ar, desde sempre tentando retratar a realidade do jovem brasileiro. E, por trás deste sucesso duradouro, está o autor Emanuel Jacobina, conhecido por sua longa trajetória na trama. 

Ao lado de Andrea Maltarolli, ele ajudou a dar vida a um projeto que segue firme e forte desde 1995. “Não havia quase nada para o jovem na TV aberta e certamente nenhuma novela ou série que o representasse”, relembra Jacobina.

Considerada uma porta de entrada para artistas, a novela lançou muitos nomes no decorrer desses anos, como André Marques, Cauã Reymond, Caio Castro, que entrou na trama após vencer um concurso de atores no programa “Caldeirão do Huck” e Sérgio Hondjakoff, que viveu o personagem Cabeção durante cinco temporadas.

“Não imaginávamos que teria essa vida tão longa. Fico orgulhoso por ter durado tanto, mas sei que esse sucesso não é apenas meu, pertence a todos que já passaram por ali”, avalia Jacobina.

Em entrevista exclusivas para AnaMaria Digital, o autor e Hondjakoff dão detalhes sobre como eram os bastidores e suas perspectivas das mudanças durante os anos.

25 ANOS NO AR
A TV Globo começou a perceber que falar diretamente com o público jovem poderia ser uma boa ideia, visto o sucesso que o seriado "Confissões de Adolescente", exibido pela TV Cultura, fazia na época. Além disso, a emissora também precisava dar um jeito de levantar a audiência no final da tarde, o que consequentemente ajudaria a trazer mais público para todas as produções exibidas na sequência, como novelas ou telejornais. 

Emanuel Jacobina conta ter criado o projeto, juntamente com Andrea Maltarolli, durante uma Oficina de Autores de Teledramaturgia da Rede Globo em 1994. A emissora gostou tanto da ideia que botou no ar no ano seguinte.  “Eles colocaram [os autores] Ricardo Linhares e a Ana Maria Moretzhon para supervisionar e foi um sucesso. A escolha da academia como ambiente central foi da Andrea, mas o título ‘Malhação’ fui eu quem dei”, conta.

Quem viu a estreia não esquece da paixão de Luísa (Fernanda Rodrigues) pelo professor Dado (Claudio Heinich) ou de Héricles (Danton Mello) é um rapaz tímido do interior que chega no Rio de Janeiro para estudar e vai trabalhar na Academia Malhação, na Barra da Tijuca.

A novela foi anunciada como uma soap opera – cuja ideia é similar às telenovelas, mas com temporadas que se estendem por anos. Além disso, a academia Malhação foi a única locação da trama da 1ª até a 4ª temporada.

Na primeira parte da 5ª temporada, e com problemas de audiência, a emissora decidiu testar um novo formato: colocou o apartamento do personagem Mocotó (André Marques) como o único cenário, além de fazer o ator apresentar o programa ao vivo. Apesar da inovação, a ideia não agradou ao público, e a história voltou a se passar na academia na segunda metade da história.

A 6ª temporada, porém, trouxe uma reformulação completa: a academia foi extinta e as histórias começaram a se passar no colégio Múltipla Escolha, construído onde ficava a antiga academia Malhação. 

Jacobina explica a mudança de cenário. “Eu passei de academia para colégio, em 1999, porque o ambiente de academia já não traduzia nada que tivesse particularmente relação com os jovens. O espaço havia se tornado um ambiente de todos e não apenas deles”, diz.

NOVOS RUMOS
E assim foi até a chegada de ‘Malhação ID’, escrita por Ricardo Hofstetter, em 2009. A 17ª temporada da série foi estrelada por Fiuk, Christiana Ubach, Mariana Molina e Murilo Couto. Não foi apenas o título da série que mudou: o colégio se tornou Primeira Opção. 

A partir daí, cada temporada levou a sua própria história, sem ter relação com as anteriores. Além disso, a trama deixou de ter uma locação fixa passada de ano a ano, fazendo com que outros espaços fossem mais explorados. Em ‘Malhação Sonhos’, de 2014, os dois principais cenários eram uma academia de artes marciais e uma escola de artes, quebrando a tradição de colégio, que foi estabelecida em 1998.

A maior diferença foi notada em 2017, quando a cidade principal deixou de ser o Rio de Janeiro e foi para São Paulo. ‘Malhação - Viva a Diferença’, criada por Cao Hamburger, focou sua história em um grupo de cinco amigas. A mudança foi bem aceita pelo público e retratou assuntos como autismo, homossexualidade, abuso de drogas e assédio sexual.

Após fortes críticas à 26ª temporada, a Globo investiu no retorno de Jacobina para a criação da série, que teve a missão de escrever ‘Malhação: Toda Forma de Amar’. A história teve seu final antecipado por conta da pandemia do novo coronavírus. Resultado: o autor precisou reescrever 25 capítulos e transformá-los em cinco.

“Foi traumatizante. Deu muito trabalho e gerou alguma frustração, mas a emissora fez o que tinha que fazer. Apoiei e continuo apoiando 100% a decisão da empresa”, declara. Pelo mesmo motivo, a nova edição da série, ‘Malhação - Transformação’, foi adiada para 2021 e conta com Priscila Steinman e Márcia Prates como criadoras do projeto.

TALENTOS
Muitos artistas deram o pontapé inicial em suas carreiras em ‘Malhação’ e, desde então, estão colhendo frutos. Jacobina lembra que já foram mais de 250 personagens criados e que tira o chapéu todos os envolvidos: “Fico muito feliz. Tenho grande carinho por todos os atores com quem já trabalhei e de alguns me sinto até amigo”.

Um deles é Sérgio Hondjakoff, que fez parte do elenco entre a  7ª e a 12ª temporada. Recentemente, ele participou do reality show Made in Japan, comandado por Sabrina Sato.

“Os jovens da faixa etária dele, na época, se identificavam muito e eu também. Cabeção era gente boa, hilário e meio azarado. [risos] Eu não imaginei que ele iria cativar tanto, mas torcia pra que isso acontecesse. Afinal, era um personagem muito carismático”, afirma o ator. 

BASTIDORES
Segundo Hondjakoff, as gravações eram desafiadoras e renderam bons perrengues. “Eram 30 cenas em um único dia. Fiz isso inúmeras vezes, mesmo assim eu adorava [...] Alguns pequenos acidentes de percurso aconteceram: tombos, e até uma TV, que quebramos sem querer numa cena”, revela.

O ator conta que sente saudades da época: “A rotina das gravações diárias, o convívio com o elenco e toda equipe, os fãs e o Projac. São recordações inesquecíveis de toda a minha adolescência, já que comecei a fazer o Cabeção com 15 anos e parei aos 21 anos”, ressalta.

MUDANÇAS NA JUVENTUDE
Na visão de Jacobina, a internet e as redes sociais chegaram para mudar o mundo todo, e quem lida com a juventude -assim como ele- percebeu que isso ganhou cada vez mais força na hora de tentar prender a atenção dos telespectadores. 

“[A principal mudança foi] a capacidade de se inteirar e de repercutir vários assuntos. Houve um deslocamento do interesse do jovem: ele não saiu inteiramente da frente da TV aberta, mas se tornou multi-telas, ou seja, tem muito mais entretenimento e informação à disposição”, reforça.

Jacobina ainda ressalta que essa acessibilidade não significa necessariamente que essa informação torna o jovem mais culto: “Apenas mais informado e com mais possibilidades de diversão”.

POSSÍVEL REMAKE
Quando questionado sobre o remake de alguma temporada icônica, o autor afirma não acreditar na possibilidade. “‘Malhação’ é sempre contemporânea. Está presa a seu tempo. Só funciona muito bem a reprise no Viva porque você sai de um público de 20 milhões de pessoas para um público de menos de dois milhões”, pontua.

Já Hondjakoff dispara que está aberto a convites para um hipotético retorno à trama: “Com o maior prazer. Principalmente se voltassem vários personagens de algumas temporadas que participei. Seria um sonho realizado”, diz.