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Emanuelle Araújo fala sobre os desafios de ter sido mãe na adolescência

A atriz afirma que a maternidade ampliou sua visão e a tornou mais forte e segura

Karla Precioso Publicado em 12/08/2020, às 08h00 - Atualizado às 13h30

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A atriz deve estrear versão do musical da Broadway, Chicago, aqui no Brasil - Instagram/@emanuellearaujo
A atriz deve estrear versão do musical da Broadway, Chicago, aqui no Brasil - Instagram/@emanuellearaujo

“Amo ser mãe e minha vida hoje anda muito bem exatamente por ter vivido essa experiência tão cedo”, revela Emanuelle Araújo

A cantora e atriz, hoje com 44 anos, deu à luz Bruna Bulhões no auge da adolescência. A morena, que se tornou nacionalmente conhecida em 1999, após substituir Ivete Sangalo como vocalista da Banda Eva, confessa ter levado um susto, afinal a gravidez não havia sido planejada e ela tinha apenas 16 anos. 

Mas, ao mesmo tempo, sentiu que era coisa do destino e, a partir daquele instante, passaria a viver os melhores momentos da sua vida. Confira, a seguir, as descobertas, aprendizados e experiências positivas e inspiradoras que a maternidade (e a idade) lhe proporcionaram.

SURPRESA, JULGAMENTO E APOIO 
“Ser mãe muito jovem é complicado, ainda mais quando não é algo programado. Eu tinha só 16 anos e vivia um momento importante de início de carreira (com 15 anos, eu já era cantora profissional). Porém, se aconteceu, o melhor que eu tinha a fazer era saber usufruir da situação. Essa experiência me fortaleceu ainda mais. Aliás, passado o impacto da notícia, logo senti que aquilo era coisa do destino. Está certo que, a princípio, foi um susto também para meus pais, mas eles me deram força e o acolhimento foi lindo. Ter vivido essa experiência me trouxe maturidade, mais segurança e ampliou minha visão de mundo”, relata Manu. 

Fora de casa, no entanto, nem tudo foram flores: “Fui julgada e enfrentei comentários machistas e negativos. Reagi a todos eles. O julgamento vinha muito da convivência de escola. Uma garota grávida no colégio chama a atenção. O que me blindou foi minha personalidade. Nunca deixei as impressões alheias me influenciarem. Quando você é uma grávida adolescente, todo mundo acha que você precisa de ajuda. Mas fui forte para dizer que ia criar minha filha do meu jeito”, enfatiza. 

Emanuelle não parou de cantar até o oitavo mês de gestação: “Eu me vestia de baiana e escondia a barriga com aquele saião, e estava tudo certo”. Ela deixou a casa dos pais com a Bruna já em seus braços para se casar com o namorado, o economista Sérgio Bulhões. 

“O relacionamento durou seis anos. Eu queria ser livre para viver a minha arte. A maternidade me trouxe um olhar autocentrado. Quando você tem filho, não dá tempo de ter conflito existencial”, conclui. 

NASCIMENTO, DESAFIOS E REALIZAÇÕES 
A artista conta que tem o espírito caseiro e, portanto, não sofreu por perder festas quando a criança nasceu, apesar de ter deixado de viver as coisas das meninas da sua idade na época. 

“Não coloquei isso como um peso e procurei diversão nessa situação. Eu dançava com ela em casa e me divertia demais. Minha filha é a minha força. Nem lembro da época em que não era mãe. Aliás, rapidamente me conectei com a maternidade. Ser mãe foi a base para tudo que vivi depois... Vários desafios e muita felicidade. Agradeço demais por essa experiência. Ter filho é o incentivo para tudo”, afirma a artista. 

Rrecentemente, ela lançou seu segundo álbum solo, Quero Viver sem Grilo, em todas as plataformas digitais e, assim que passar a fase da Covid19, deve estrear versão do musical da Broadway, Chicago, aqui no Brasil e mais quatro filmes: O Barulho da Noite, de Eva Pereira; A Próxima Canção, de Pedro Amorim; Juntos e Enrolados, de Eduardo Vaisman e Rodrigo Vanderput, e Diário de Intercâmbio, de Bruno Garotti. 

Além disso, está na pré-produção do filme Meu Sangue Ferve por Você, sobre o cantor Sidney Magal. Não há dúvida de que sua atitude de coragem ao se tornar mãe tão jovem foi a mesma que a moveu para concretizar todos os sonhos sem titubear.

O MAIOR APRENDIZADO 
O bullying na escola perdurou um tempo, mas Emanuelle encontrou uma forma de superar a situação. 

“Sempre tive uma presença atuante, era líder de diretório acadêmico. As pessoas tinham respeito por mim. E eu encarava a realidade: ‘Pois é, estou grávida!’. Aconteceu e foi preciso me posicionar. Eu dava um jeito de colocar isso como um posicionamento político”, explicou. 

“É muito louco como algumas pessoas jogam as suas próprias frustrações na vida do outro. Eu não dei ouvidos. Tive minha filha e, depois que ela nasceu, tudo de melhor aconteceu na minha carreira. Não foi nada fácil, mas tudo correu melhor do que eu esperava. Ter fé, força, foco e amor no coração. Viver a minha vida e não as expectativas dos outros: eis meus maiores aprendizados. De tudo isso, a conclusão que fica é: foi transformador viver essa experiência, porque a gravidez nunca me engessou”, finaliza.

TAL MÃE, TAL FILHA 
Emanuelle e Bruna construíram uma relação de amor, respeito e cumplicidade. Ter sido mãe jovem faz com que a diferença de idade entre elas seja relativamente pequena. As ideias são próximas e os gostos bem parecidos, sem falar na semelhança física. Muita gente já questionou se elas são irmãs. A filha tem a música no DNA. Estudou piano, violão e canta. Também é psicanalista. 

“Conversamos sobre tudo. Somos amigas, porém mãe e filha. Respeitamos nosso espaço e individualidades. A Bruna tem um grande entendimento sobre a mente humana. Ela é como um norte que me guia. Se me tornei uma mulher guerreira, devo isso ao fato de ter engravidado tão moça. Somos bem parceiras”, se derrete Manu. Mas, o mais marcante na relação entre elas é a autonomia que conservam, sem deixar que afeto e intimidade se diluam. 

NINHO VAZIO 
“Criei minha filha praticamente sozinha durante 20 anos. Quando ela decidiu morar em seu próprio canto, morri de orgulho. Fiquei muito feliz por ela se sentir segura para esse voo. Mas me deparar com a falta da convivência diária, não precisar ter a geladeira cheia para manter a sua rotina, não fazer mais as perguntas tipo ‘que horas você vai chegar?’, ah, isso foi bem difícil. Eu diria uma dificuldade não racional. Eu achava importante passar por isso, porém a razão, muitas vezes, não comanda o coração da gente, né? Sofri, sim, por um tempo com a síndrome do ninho vazio, depois passou. E hoje, vivendo em casas separadas, temos uma relação maravilhosa e tão forte quanto antes”, finaliza a atriz. 

O CONSELHO 
“Para as jovens que estão passando pela mesma situação que enfrentei anos atrás, digo o seguinte: as situações são complexas. Se você tem uma gravidez inesperada e decidiu ter seu filho, coloque o amor à frente de qualquer dúvida. Acredite que pode vencer pelo seu esforço. Tenha disciplina e foco. Saiba construir uma relação de cumplicidade com ele para não precisar bancar a heroína, e sim uma mãe verdadeira e real. Isso alivia as culpas e nos dá sempre força para continuar. Foi assim comigo.”