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Bem-estar e Saúde / Envelhecimento

Ansiedade na terceira idade: acabe com os estigmas do envelhecimento

Quebrar tabus e manter a mente ativa e aberta é um bom começo para acabar com a insegurança e os estigmas do envelhecimento

Raquel Borges Publicado em 31/07/2023, às 08h00

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Existem muitos tabus e preconceitos que envolvem o envelhecimento - Sabine van Erp / Pixabay
Existem muitos tabus e preconceitos que envolvem o envelhecimento - Sabine van Erp / Pixabay

Segundo o Ministério da Saúde, em 2050, a expectativa no Brasil bem como em todo o mundo é de que existirão mais idosos do que crianças menores de 15 anos. O envelhecimento é uma etapa natural da vida, inerente a todo ser humano, e que merece atenção especial em relação à saúde mental. E muito pouco se fala sobre ansiedade, depressão e desesperança, sobretudo entre grupos de idosos. 

Blenda de Oliveira, doutora em Psicologia e autora do livro Fazendo As Pazes Com A Ansiedade (Ed. Nacional), explica que um dos fatores que gera ansiedade no processo de perda da juventude é a passagem do tempo e, consequentemente, a proximidade com a morte: “Vivemos em uma cultura ocidental na qual a morte é considerada um tabu. Desse modo, somos treinados a não falar sobre esse tema”. A seguir, a especialista revela como lidar com esse sentimento de insegurança, quebrando tabus e preconceitos que envolvem o envelhecimento.

ANSIEDADE E DEPRESSÃO

É comum que a ansiedade venha da forma como a pessoa lida com o processo de envelhecimento, as transformações corporais e as relações. Uma vez estabelecido o transtorno ansioso, é importante buscar ajuda profissional para o diagnóstico adequado e efetiva. “Ao mesmo tempo, é útil estabelecer ações que aliviam os sintomas e auxiliam a acalmar, como meditações, preces e conexão com a espiritualidade (para aqueles que a tem como um valor importante), praticar exercícios físicos aeróbicos, escrever sobre os sentimentos e experiências de vida, ouvir músicas que acalmam, fazer terapia ocupacional e ter o hábito da leitura (que promova sentimentos positivos e de esperança)”, explica Moreira. Importante salientar: essa ansiedade pode ser um gatilho para a depressão. Fique atenta, portanto.

PADRÕES DE BELEZA

Em seus atendimentos, Blenda percebeu, ao longo do tempo, que a forma como as mulheres lidavam com o envelhecimento envolviam questões diferentes de seus pacientes do sexo masculino. “No caso das mulheres, a ansiedade na terceira idade envolvia questões como sentimento de perda da beleza física, atratividade e atributos de sedução. No caso dos homens, percebi questões que envolviam sentimentos relacionados à perda de potência, virilidade e poder”, diz. 

Ainda que a concepção do processo de envelhecimento tenha mudado bastante nos últimos anos para uma forma positiva, ainda há muito o que fazer para acabar com os estigmas do envelhecimento: “É preciso envelhecer de forma saudável, sem eliminar as ansiedades próprias desse ciclo da vida. Essa etapa é um processo que pode ser construído a partir dos nossos outros estágios, como infância, juventude e idade madura. Na terceira idade, muitas vezes, o maior desafio enfrentado pela pessoa idosa é o cultural, pois vivemos em uma sociedade limitante que coloca o idoso em uma posição que o desvaloriza. Essa faixa etária tem libido, desejo, capacidades laborais e muito ainda a contribuir para a sociedade”, afirma.

PERCEBER E ENFRENTAR

Os sintomas mais comuns da ansiedade na terceira idade são agitação, dificuldade de ficar parado e dormir, nervosismo, irritabilidade, angústia, aperto no peito, pensamentos acelerados, insônia, sudorese excessiva, coração acelerado (arritmia cardíaca), tremores, dores de cabeça e dificuldade de concentração. Segundo o médico especialista em homeopatia e terapia da UFMG, Andrei Moreira, é importante trabalhar três pontos de vista para diminuir o sentimento:

Do ponto de vista físico: “É fundamental o acompanhamento médico regular, manter o check-up em dia, a avaliação de efeitos terapêuticos e colaterais das medicações e interações medicamentosas”.

Do ponto de vista psicológico: “Reconhecer o que se sente, dar nome às emoções e sentimentos, falar do que se vivencia, partilhar o que está experienciando dentro de si. Para isso, é essencial estabelecer conexão consigo mesmo e buscar ajuda profissional para elaborar e ressignificar as dores, ideias e sentimentos”.

Do ponto de vista social: “Estabelecer conexão familiar saudável, rede de suporte físico e emocional e realizar atividades sociais nas quais possa exercer seu propósito de vida, além de receber afeto. Apaixonar-se por uma ideia ou ideal, participar de grupos sociais, religiosos ou de voluntariado em uma causa útil e que façam sentido ao coração pode ser bastante efetivo para a saúde mental e emocional”.