Psiquiatra explica porque Bruno Gaga saiu do BBB 23 e dá dicas para amenizar situação
Os telespectadores do BBB 23 tiveram uma surpresa na última sexta-feira (17), quando Bruno Gaga saiu do programa. Segundo o brother, o motivo foi a angústia e insegurança que sentiu no confinamento. O psiquiatra Alexandre Valverde explica que o reality pode gerar ansiedade nos participantes, sim, mesmo que eles não apresentem este transtorno normalmente. Entenda!
Um ambiente desconhecido, imprevisível e competitivo: o Big Brother Brasil é o cenário perfeito para deixar a ansiedade ainda mais elevada. Inclusive, depois que Bruno Gaga saiu do BBB 23, ele contou no Raio-X que estava incomodado com esses fatores.
"A pressão psicológica do jogo gera muito medo, muita insegurança, bateu muitas saudades... Não estava suportando mais. Cheguei ao meu limite, ao ápice da ansiedade e do medo. Minha mente estava tão distante, eu só estava com o corpo físico aqui. Meu coração parecia que ia esmagar no peito", explicou ele em seu discurso de desistência.
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Para entender melhor o que ocorreu com Bruno Gaga, AnaMaria Digital explica o que é a ansiedade, os sintomas, tratamentos e como o ambiente do BBB 23 pode favorecer, de diversas maneiras, o desenvolvimento dela.
A crise de ansiedade nada mais é do que o corpo dando uma resposta “exagerada” a um estímulo ou a uma situação de estresse. O psiquiatra conta que se trata de um fenômeno natural do organismo: “Vamos imaginar a época em que éramos caçadores e coletores. Tínhamos que estar muito atentos ao ambiente, já que poderíamos caçar ou ser caçados. Uma resposta rápida e acelerada aos estímulos externos era necessária”, ilustra.
Assim, ficar com a pupila dilatada, a frequência cardíaca, a respiração e a temperatura do corpo aumentadas, é um mecanismo necessário. O problema reside no momento em que ele funciona de maneira anômala, ou seja, sem um estímulo que desencadeie a ansiedade, gerando experiências muito intensas e mal-estar, ou seja, uma crise de ansiedade.
“O Big Brother Brasil é um ambiente desconhecido. Estar em um lugar que não é sua casa, não é sua comida, não é sua cama, não é sua sala, já é bastante estresse. O convívio com pessoas que você não conhece, e ainda estar nesse ambiente de competição, por si só, já gera ansiedade”, explica o médico sobre a situação dentro do reality.
Não, a crise de ansiedade pode acontecer com qualquer pessoa, mesmo que ela não apresente transtorno de ansiedade. Isso porque basta um estressor ambiental, como uma briga - comuns no reality -, uma discussão, um conflito familiar, um conflito no trabalho ou com pessoas próximas para gerar uma “resposta intensa” do corpo.
Inclusive, em seu discurso, Bruno Gaga destaca que nunca se sentiu desta forma antes do BBB 23 e afirma ter se comportado de maneira diferente dentro do confinamento: “Eu nunca senti isso lá fora. Me perdi dentro de mim e não queria mostrar para o Brasil esse Bruno apagado, ofuscado. Eu não sou isso. Se eu não conseguia ser eu, não ia adiantar ficar nessa casa”.
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— Haftas Vids (@ha_vids9) February 17, 2023
Além disso, as crises também podem ser induzidas por substâncias, como a cafeína e a teína, presentes no café e no chá. “As pessoas não têm muita noção porque é normalizado o consumo do café, mas ele é um estimulante superpotente que pode gerar sintomas muito semelhantes a crises de ansiedade. Então, sim, pode acontecer em pessoas normais que não estão em tratamento de problema nenhum”, conta Alexandre.
O transtorno de ansiedade é diagnosticado quando essas crises se tornam tão frequentes que é possível observar uma periodicidade. Elas levam a pessoa a prejuízos funcionais, seja no trabalho, nas relações pessoais, no convívio com a família e até consigo mesma. Valverde destaca que isso exige tratamento.
Em relação aos sintomas de uma crise de ansiedade, eles podem ser divididos em físicos e cognitivos, sendo que o relato de Bruno Gaga coincide com a segunda categoria.
Alexandre Valverde destaca um fator importante do BBB como um estressor: a vigilância 24 horas. “Imagina estar sendo gravado e observado. Essa tensão de que todo gesto pode estar sendo medido, calculado, também pode deixar a pessoa em uma situação de auto-observação excessiva, que pode ser um sofrimento para ela”, conta o psiquiatra.
Além disso, a dificuldade de regular o sono ou o fato da pessoa não ser acolhida, não se enturmar com os demais participantes pode ser um agravador da ansiedade, pois a competição se torna ainda mais intensa.
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O especialista dá algumas dicas para contornar esta situação. O primeiro passo é identificar a ansiedade: algumas pessoas relacionam o coração bater rápido, estar tremendo e ofegante com problemas cardíacos ou de ordem neurológica.
Uma vez que isso foi feito, o indicado é a pessoa ir para um ambiente em que se sinta segura e comece uma respiração lenta, fazendo um ciclo de inspiração de 5 segundos, seguido por outro de expiração por 5 segundos. Então, ela vai fazer um ciclo de respiração a cada 10 segundos, totalizando seis ciclos em um minuto.
A respiração lenta ajuda a equalizar as taxas de oxigênio e gás carbônico no sangue e diminuir, por exemplo, o efeito da ofegância e da respiração acelerada, que geram o formigamento. Além disso, seu controle traz a clareza de que a pessoa está dominando os próprios processos metabólicos, o que tende a trazer muita calma.
Em seguida, é importante checar se a pessoa está bem alimentada e hidratada, pois crises de hipoglicemia podem ter como consequência crises de ansiedade. Por fim, entrar em contato com alguém da rede de apoio pode ajudar a amenizar os sintomas.
Vale destacar que, se as crises ficarem muito frequentes, com mais de duas por semana, é indicado a pessoa buscar ajuda profissional.
Se você vir alguém tendo uma crise de ansiedade, as recomendações mencionadas acima são válidas: ajudar com a respiração, alimentação e hidratação, por exemplo.
“Outro conselho que dou é falar calmo e tentar dominar aquela situação, não criando outro estressor e entrando em pânico com a pessoa que está tendo a crise, ou começar a achar que a pessoa realmente está infartando. A dica é não alimentar aquilo e poder manter o pouco sangue-frio para poder oferecer amparo e apoio”, diz o psiquiatra.
O médico destaca que, a partir do diálogo, é possível tentar entender o que desencadeou a crise de ansiedade e pensar se houve o consumo de alguma substância que possa ter provocado a crise. Por fim, a pessoa pode ajudar buscando ajuda profissional.
