Pesquisa revela que quatro em cada dez brasileiros estão com nome negativado; especialista em recuperação judicial mostra como negociar as dívidas
Uma pesquisa realizada pelo Serasa em março de 2024 apontou que aproximadamente quatro em cada dez adultos no país estão negativados. Os dados apresentados no ‘Mapa da Inadimplência’ revelam que 40,3% dos brasileiros estão com pendências financeiras com valor médio de R$ 5.312,70 por pessoa.
Estar com o nome negativado afeta diretamente a capacidade do inadimplente de conseguir crédito e diminui consideravelmente o poder de compra a prazo do devedor. O caminho até a negativação de um CPF não acontece de um dia para o outro.
O processo de negativação envolve quatro etapas: primeiro, o atraso da conta; então, o credor cobra pelo débito; na sequência, o credor informa o prazo para pagamento; depois, há o informe da negativação, e só então o nome é efetivamente negativado.
A boa notícia é que é possível organizar as finanças de um modo inteligente — e sem sufoco. AnaMaria conversou Marcello Marin, contador, administrador, mestre em governança corporativa e especialista em recuperação judicial, que deu dicas de como negociar as dívidas. Confira a seguir!
De acordo com Marcello, a principal dificuldade para quem está negativado é ser aprovado para ter cartão de crédito. Dificilmente o devedor poderá financiar um bem ou conseguir crédito de modo geral. Ainda segundo o especialista, quando você tem o seu nome negativado, isso lhe acompanhará até que a dívida seja quitada.
Porém, hoje existem diversas empresas que trabalham com crédito para negativados, seja na modalidade de financiamento ou empréstimos. A questão é que, nesses casos, o crédito custará mais caro para uma pessoa que tem o nome negativado do que custaria para uma pessoa que não possui pendências financeiras.
Marcello esclarece que esse é um grande mito das finanças pessoais. “A dívida em si não ‘caduca’. Na verdade, a empresa não tem mais o poder de cobrar pela dívida judicialmente, mas ela continua existindo e continuará atrapalhando a pessoa”, diz o administrador.
“A pendência financeira ainda constará no histórico dela. Acontece que, após cinco anos — o período para ‘caducar’ — normalmente as empresas já deram isso como perdido, e aceitam pagamentos com enormes descontos”, complementa.
Uma vez que o seu nome já foi negativado, a primeira — e mais difícil — opção é pagar a dívida em sua totalidade. “Se a pessoa chegou a ter o nome negativado, é porque está com dificuldade financeira. Então o melhor caminho é sempre buscar a negociação e pensar em parcelas e juros que caibam dentro do seu orçamento e que não comprometam sua renda mensal”, orienta Marcello.
Se você está determinada a sair deste cenário, precisa se munir de informações e saber como negociar as dívidas de maneira inteligente, buscando o maior desconto possível. Muitas vezes o pagamento à vista não compensa, pois o abatimento é menor do que se você investir esse mesmo montante em alguma aplicação de renda fixa, por exemplo.
Além disso, para não contrair novas dívidas, é sempre válido analisar cuidadosamente os contratos que está firmando com empresas relativas a créditos. Verifique se há uma cláusula que estabelece que, caso você fique desempregada, será possível suspender o contrato por um período, até que você se recomponha no mercado de trabalho.
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